quinta-feira, 4 de outubro de 2018

VERDADE E APARÊNCIA.. LA DEGOLA POLÍTICA.


VERDADE E APARÊNCIA. - As seduções que decorrem dessa dicotomia, em política, são de três espécies: 1 - A da ''história desconhecida'', que transforma toda uma audiência de inocentes úteis em curiosos aventureiros nos labirintos das fake-news, e que é concebida apenas para que os telespectadores se sintam fatigados com a ''simples realidade'', na qual , de fato, não ocorreu nada ilícito. E essa idéia é perigosa em assuntos políticos, quando insinua mundos desconhecidos, sujidades de carreira e comportamento,  limbos imemoriais dos quais tudo que sai de dentro deles é sempre favorável ao arquimandrita da fé política exaltada, que pretende atrair votos para si  e seu partido às custas de ''La Degola'' de outrem 2 - A sedução que ataca aquilo que há nas pessoas de mais irresistível: seu desejo de se perderem num mar especulativo de comparações; deem-lhes apenas as peças, o bonequinho de vodu e as agulhas, a Cruz e o Crucificado,  que o público se diverte às fartas apontando os dedos na direção que lhes mandam os que gritam mais alto (mas gritando em microfones com volume de som regulado pela mídia liberal e seus interesses de ocasião). Aqui, ninguém terá esperado em vão. A diversão é garantida... Com advogados mafiosos afirmando a existência de um mundo onde tudo poderia ter sido diferente do que foi (quem sabe?), se um atentado não tivesse sido perpetrado contra sua clientela. Há tantas coisas incrustadas nessa palavra ''clientela'', quando assuntos jurídicos se misturam com a política, que é impossível não se tomar por estúpido por antecipação, antes de ouvi-los falar, tratando os autos do processo como uma cartola de mágico ilusionista. 3- A sedução que insinua a fatalidade, a necessidade de submeter-se e assimilar-se à versão dos fatos para não cair na mesma condição do acusado. O resultado buscado é sempre a resignação da audiência, a curiosidade do público, a simpatia e a estima , a revolta e o medo de se identificar com o suposto contraventor, como se a outra parte não lhes merecesse sequer atenção, como se seu contraditório , seu direito à ampla defesa fosse mesmo um ultraje pelo simples fato de poder ser e estar sendo feita. Não há nenhum sentimento que a mídia capture e amplifique mais do que esses ''veredictos da percepção'', descoladas da realidade por um processo de excreção de dados aleatórios, juntados arbitrariamente por algum trabalho de astúcia legal combinado com fontes jornalísticas escolhidas, para criar o efeito certo, na hora certa, em que a pressão for mais promissora do ponto de vista político; tudo tão distante dos caminhos da prudência jurídica e legislativa, que nos impede de perceber como fomos, afinal, seduzidos. É assim que se empenham em ulcerar nossos mais nobres instintos de julgamento, quando se trata de materializar interesses políticos, transformando-os em propaganda às vésperas de uma eleição. Um esforço de coordenação política, midiática e financeira tão gigantesco que é cansativo ficar enumerando todos os setores da elite envolvidos neste processo, manipulado a partir das sombras partidárias que a mídia traveste, supondo uma avalanche de possíveis revoltantes e incriminadores que nunca ascendem à nada realmente
verificável na prática.

K.M.


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