terça-feira, 23 de outubro de 2018
Propor uma mirada tangencial é enfrentar a monumentalidade.
Propor uma mirada tangencial é enfrentar a monumentalidade. Pensar na literatura que elabora através de estratégias oblíquas e saídas transversais enfrentamentos a um mundo em ruínas (George Simmel) ou em escombros (Sebald, Anselm Kiefer) e/ou na superação do luto e da melancolia (Freud), incluindo a reflexão sobre montagem técnica (Benjamin), e no bojo pensar igualmente na forma da fotografia e do cinema, são objetivos da disciplina "Silêncio e Literatura, Mentira e Montagem", não necessariamente contrapostos. A revolta foi um elemento importante da vanguarda histórica e por meio de estratégias de subversão (semântica, sintática, morfológica, ou dos gêneros formais) - com ou sem revolução - cunha-se literatura. A renúncia à escritura de Chandos, a coisificação poética de Rilke, a linguagem sintética e concisa de Carl Einstein, cada qual à sua maneira, projetam uma inflexão dialética ao modo oposto, ornamental, loquaz. Não obstante, o silêncio (Susan Sontag) e as reticências prestam-se para além do ensimesmamento, da introspecção, à conectividade - o teatro moderno ilustra essa hibridez das formas dramática, épica e lírica (Peter Szondi). O jornalista e dramaturgo Karl Kraus transforma a revolta no brasão da crítica ao jornalismo (paradoxalmente) com a edição do jornal "A Tocha", bem como da composição da peça teatral "Os últimos dias da Humanidade". Contra a racionalização a arte transgride, algumas vezes engendrando a mentira (Harald Weinrich), a metáfora (Blumenberg), em irrupção branda ou violenta, seja de vigência efêmera ou atemporal, no cumprimento dos exercícios do pensamento em poesia, em narrativa.
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