K.M.BOCA DE DIURNA.
Distinções nefastas de última hora se tornam engraçadas em gargantas apertadas pelo medo. Tanto mais, quando esse medo se torna uma construção coletiva, tão caótica quanto cômica . O que podem exigir de si mesmos tantos imoralistas políticos juntos para combater um único candidato, além de um pouco de medo eleitoral... O governo que virá está sendo pintado de forma bastante patética, como se existisse um ''instinto particular'' do conhecimento político do país, que cegamente se precipitasse sobre a a verdade pasmosa de nossa república. Colocam problemas de utilidade e perigo para o candidato que combatem, como se ele fosse assumir uma máquina diferente daquela que está aí, enguiçada em todos os setores, inútil para seja lá qual forem os fins. O que fara ele além de colocar alguns militares nos grandes ministérios, e arrastar-se num diálogo sofrível e infrutífero com o Congresso durante quatro anos e tentar a reeleição? Quanto à presença de militares nos altos cargos, me parece saudável, depois de tanto tempo sendo ministeriados por trocadores de figurinhas profissionais fazendo cifras com a tecnocracia. Quero acreditar que os militares possam trazer algo da retidão e rigor marcial à nossa labiríntica burocracia administrativa, aparelhada e apadrinhada até onde o fisiologismo foi capaz de afastar o instinto prático da gestão eficiente. Sabemos quais são os instintos ativos por trás de nossos órgãos de gestão atualmente: a luta dos maus escrúpulos para dobrar a coluna do sistema na direção dos próprios interesses, partidários e pessoais. Para obedecer a esses instintos foi que os sentidos e significados da mudança de poder passaram a ser pintados da forma que estamos vendo. Inventaram até mesmo novas memórias, novos passados, reduzindo os fenômenos atuais que jogam contra suas propostas de governo tão rápido quanto possível: a economia, a acumulação de conhecimento, o ''manejo do mundo'', a imagem da realidade'', oque esse bando de analfabetos que se candidataram à Presidência tem a oferecer além de uma luta de instintos bem definida, em forma de regressão à estágios anteriores de desenvolvimento sócio-econômico, onde o formato de governo fisiológico, que lhes deram vida e razão de ser ao longo dos anos, prospera mais livremente? Nenhuma perspectiva de governo pelo conhecimento puro e probidade científica, desde que a moral política exige respostas maiores e mais urgentes que as que eles andaram oferecendo e embandeirando pelos esgotos sociais por onde fizeram campanha. A verdadeira moralidade política diz: EXIJO RESPOSTAS! e aqui ela se refere a CERTAS RESPOSTAS, nas quais as razões, os argumentos, as propostas, as promessas e os escrúpulos não venham tão demasiadamente tarde quanto dão a entender o ''tonzinho moderado'' de seus panfletos e cabos eleitorais. Como devemos proceder então, neste pleito? Eu te explico como. É ASSIM: se realmente somos capazes de pensarmos que andamos nos ocupando seriamente cm o tipo de desenvolvimento soberano que merece qualquer nação que se respeite, nas quais tudo se tornou instinto, rapidez, oportunidade e eficiencia, capacidade de responder aos acontecimentos, de amortecer golpes, de esquivar-se à pressões externas, fatalmente nosso sentido de urgência patriótica nos impelirá às urnas com um sentimento absolutamente cômico apertando nossa garganta, pois não saberemos em quem votar. De fato, nosso auto-equívoco, enquanto povo e nação, coloca nossos melhores ideais abaixo de nossos instintos. Nossa auto-consciência política revela um certo estado doentio, uma lentidão conceitual que desliza no esgoto barrento de nossas dúvidas, que nem a cocaína pode acelerar. As épocas fortes, os povos vigorosos não flexionam acerca de seus direitos, de suas garantias, a troco de nada... quando uma eleição presidencial se transforma numa ''dança da chuva de votos'' publicitária, quando as propostas se transformam em pedidos, quando o raciocínio dos candidatos se reduz à um olhar de filhote de cão encharcado, implorando atenção e poder, a única consciência que surge disto é um índice de hilaridade incontrolável, que nos faz recear da lógica da realidade, não só da nossa, mas do mundo inteiro, em que tudo não passa de um pastoreio monótono de massas acefaladas por elites adversárias pirrônicas, administrando o cálculo da fugacidade devastada da existência humana pelo infinito etcera da mesmice neoliberal contorcida, lesionada e engessada pelo destino o século.
K.M.
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