quarta-feira, 31 de outubro de 2018

NOVAS FORMAS DE COMUNITARISMO



As novas formas de comunitarismo (nos quais estão incluídos o nacionalismo e até mesmo o ''novo populismo'', como vem sendo pejorativamente chamado por seus adversários de pacotilha), neste mundo onde o homem sonha com o prolongamento de sua vida, essas formas de comunitarismo são tentativas legítimas de combater os excessos de liberdade do grande capital, da falta de ética das elites financeiras, da invasão de um livre mercado internacional (onde os países desenvolvidos fazem as regras, mancomunados com os donos do dinheiro)? O mundo “pós-moderno” nos desafia a refletir sobre os benefícios da troca de segurança pela liberdade individual, pelo explícito desfrute da sensação da posse de nós mesmos. Mas é bom nos perguntarmos, até onde vai essa posse, qual o limite que ela atinge? (Shvoong)

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De maneira ponderada, mas contundente, o sociólogo polonês mostra como políticas voltadas para o bem-estar e o amparo dos desafortunados financeiramente foram escamoteadas e esquecidas pelo poder público, o que gerou, não mais como na modernidade, “um exército de reserva de mão-de-obra”, e sim uma “população redundante”; um grupo de excluídos condenados por não serem consumidores. O ponto nevrálgico da “pós-modernidade” é o abandono de qualquer “interferência coletiva no destino individual, para desregulamentar e privatizar”, com diz o autor no capítulo I, “O Sonho da Pureza”.

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  Agora, absurdo seria se eu, concordando com novos conceitos como desterritorialização, pós-fordismo, acumulação flexível, e escrevendo sobre a incerteza como marca fundamental de nosso tempoespaço, sobre globalização e o enfraquecimento do Estado-Nação, viesse a afirmar que o capitalismo nunca foi tão organizado como hoje, pois estas são questões características da pós-modernidade, resultantes de uma configuração desorganizada (tardia, ou multinacional) do capital.
   Saliento novamente que a expressão "turistas e vagabundos" é uma metáfora de Bauman para explicar as contradições da pós-modernidade, como tal nunca usei (e jamais usarei) a palavra vagabundos seguindo o entendimento de nosso Presidente-Sociólogo, ou então, daqueles que são turistas. Também não faço parte dos pessimistas, e acredito que esta mesma condição pós-moderna excludente pode possibilitar que a situação dos humilhados seja revertida, e a beleza seja algo mais comum e simples de ser vivida. O avanço das lutas e conquistas das micropolíticas provam que isto não é ingenuidade. (Holgonsi Siqueira - A Razão)

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Para Freud, o homem moderno preferiu o conforto da segurança ao contínuo jogo das contradições: bem-estar com sofrimento, prazer com culpa, etc. No pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em particular no livro “O Mal-Estar da Pós-Modernidade”, publicado em 1997, encontraremos um mundo repleto de incertezas onde o ser humano troca à segurança, outrora desejada, pela liberdade, mas não uma liberdade qualquer: a liberdade individual engendrada por uma vontade suprema. Bauman classifica esse momento de “pós-modernidade”, um estado de insegurança, de medo generalizado (universal), de tecnologia excludente, de ameaças constantes e desemprego crescente. Tudo mudando repentinamente, em velocidade “galopante”, não há escalas, somente aceleração. Mudanças econômicas, políticas, culturais constroem (e afetam) um cotidiano ambivalente, onde o problema da identidade, ou seja, o sentimento de incompletude, de vazio é mais um a aturdir os humanos “pós-modernos”. 
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Pós-Modernidade II. Turista e Vagabundos.
    TURISTAS E VAGABUNDOS

    Em suas obras sobre pós-modernidade, e sobre globalização, Bauman destaca esta metáfora para ilustrar quem são os heróis e as vítimas do capitalismo flexível, afirmando que "a oposição entre os turistas e os vagabundos é a maior, a principal divisão da sociedade pós-moderna", uma sociedade marcada por um tempoespaço flexível, em mutação constante, onde o que vale é a habilidade de se mover. Valem portanto os turistas, aqueles que recusam qualquer forma de fixação; movimentam-se porque assim o preferem; saem e chegam em qualquer tempo e a qualquer espaço para realizarem seus sonhos, suas fantasias, suas necessidades de consumo e seu estilo de vida. Já os vagabundos "são luas escuras que refletem o brilho de sóis brilhantes; são os restos do mundo que se dedicaram aos serviços dos turistas"(Bauman). Movimentam-se porque estão sendo empurrados pela necessidade de sobrevivência, e mesmo assim existem severas restrições nos tempoespaços em que eles perambulam. Seus sonhos e fantasias resumem-se a um emprego qualquer, geralmente tarefas consideradas humilhantes pelos turistas, mas que precisam ser feitas por alguém.
    a pós-modernidade é um contexto histórico no qual a exclusão a cada dia está aumentando mais. Colabora para isto as novas exigências/qualificações para o mundo do trabalho, e com as quais a estrutura educacional não está preparada para lidar, tornando-se então uma forte causa do desemprego. A exclusão total da condição de pós-modernidade está gerando o que W.Wilson chama de subclasse, e acontece quando os indivíduos não conseguem se vincular às estruturas de informação e comunicação, como produtores, consumidores, e nem como usuários.
    Ao afirmar que a pós-modernidade também é exclusiva, saliento que não há nenhum absurdo em minha afirmação. E não há, porque nunca tomei a pós-modernidade no sentido proposto por A.Giddens, como um movimento para além da modernidade, ou seja, uma ordem pós-capitalista sem poder totalitário, sem guerras de grande escala, sem colapsos econômicos ou desastres ecológicos (embora concorde que esta deve ser nossa utopia), e sem subclasses; portanto o prefixo "pós" para mim não tem sentido de superação ou ruptura. Trabalho a pós-modernidade com base nas análises de F.Jameson, e portanto entendo-a como a terceira fase do capitalismo, apresentada no esquema de E.Mandel como capitalismo tardio. Não limita-se às áreas de literatura, arquitetura e artes plásticas, mas é "uma realidade genuinamente histórica (e sócioeconômica)"(Jameson).Desnecessário seria então dizer que a pós-modernidade é uma formação histórica capitalista, e como tal, numa visão crítica e dialética, é permeada de contradições produtivas e não-produtivas. Se existe algum absurdo ou contradição, estes fazem parte deste contexto histórico, que se nega a canalizar os avanços da tecnociência para diminuir a polarização da condição humana, e continua dando liberdades aos turistas, e aumentando as privações dos vagabundos.
   Agora, absurdo seria se eu, concordando com novos conceitos como desterritorialização, pós-fordismo, acumulação flexível, e escrevendo sobre a incerteza como marca fundamental de nosso tempoespaço, sobre globalização e o enfraquecimento do Estado-Nação, viesse a afirmar que o capitalismo nunca foi tão organizado como hoje, pois estas são questões características da pós-modernidade, resultantes de uma configuração desorganizada (tardia, ou multinacional) do capital.
   Saliento novamente que a expressão "turistas e vagabundos" é uma metáfora de Bauman para explicar as contradições da pós-modernidade, como tal nunca usei (e jamais usarei) a palavra vagabundos seguindo o entendimento de nosso Presidente-Sociólogo, ou então, daqueles que são turistas. Também não faço parte dos pessimistas, e acredito que esta mesma condição pós-moderna excludente pode possibilitar que a situação dos humilhados seja revertida, e a beleza seja algo mais comum e simples de ser vivida. O avanço das lutas e conquistas das micropolíticas provam que isto não é ingenuidade. (Holgonsi Siqueira - A Razão)

       Em uma de suas obras clássicas, o “O Mal-Estar na Civilização”, o psicanalista Sigmund Freud concebeu um mundo futuro regido pela segurança no qual uma ordem social extrema daria incontestável forma a um desejo coletivo de controle e justeza. A estabilidade social romperia o fluxo ininterrupto do afloramento dos instintos; a sexualidade e a agressividade, e outras volições humanas na modernidade sofreriam com a renúncia que o processo civilizatório exige, mas os seres humanos a acatariam por um pouco de felicidade, para não perder a segurança iminente nesse arcabouço de perigos em um trajeto desconhecido. Para Freud, o homem moderno preferiu o conforto da segurança ao contínuo jogo das contradições: bem-estar com sofrimento, prazer com culpa, etc. No pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em particular no livro “O Mal-Estar da Pós-Modernidade”, publicado em 1997, encontraremos um mundo repleto de incertezas onde o ser humano troca à segurança, outrora desejada, pela liberdade, mas não uma liberdade qualquer: a liberdade individual engendrada por uma vontade suprema. Bauman classifica esse momento de “pós-modernidade”, um estado de insegurança, de medo generalizado (universal), de tecnologia excludente, de ameaças constantes e desemprego crescente. Tudo mudando repentinamente, em velocidade “galopante”, não há escalas, somente aceleração. Mudanças econômicas, políticas, culturais constroem (e afetam) um cotidiano ambivalente, onde o problema da identidade, ou seja, o sentimento de imcompletude, de vazio é mais um a aturdir os humanos “pós-modernos”. 
      Bauman divide seu livro em quatorze capítulos e um pósfacio. De maneira ponderada, mas contundente, o sociólogo polonês mostra como políticas voltadas para o bem-estar e o amparo dos desafortunados financeiramente foram escamoteadas e esquecidas pelo poder público, o que gerou, não mais como na modernidade, “um exército de reserva de mão-de-obra”, e sim uma “população redundante”; um grupo de excluídos condenados por não serem consumidores. O ponto nevrálgico da “pós-modernidade” é o abandono de qualquer “interferência coletiva no destino individual, para desregulamentar e privatizar”, com diz o autor no capítulo I, “O Sonho da Pureza”. 

    Bauman discute ainda temas precípuos para a atualidade como moralidade, justiça, criminalização da pobreza ou dos excluídos, arte, cultura, verdade, consumismo, sexualidade, religião, terrorismo, etc. As incertezas apontadas por Bauman contagiam todos os setores de atuação humana. Os tópicos que nos regem (e fomentam o ideal de liberdade totalizante) são o de mercado consumidor, competitividade, indiferença, verdades múltiplas (o que dá a experiência ou a sensação de pluralidade), que salientam diferenças, mas busca enquadrá-las, culturas que tentam se manter incólumes em meio à globalização, mas saturada de produtos para consumo rápido, liberdade de escolha que não alcança a satisfação prometida, plastifica-a, pois parece impossível o prazer absoluto nesta época de movimento, de oportunidades, de turista, como revela Bauman, os heróis da “pós-modernidade” em detrimento às suas vítimas, os vagabundos que têm como “função” lembrar ao turista como ele é afortunado; o vagabundo é uma inconveniência necessária, pois vítima, de sorte detestável, faz com que o poder aquisitivo, o poder de decisão, a propriedade sejam melhores saboreadas. 
    O complexo e instigante pensamento de Zygmunt Bauman formam um itinerário das catástrofes e das diferenças pungentes entre os homens. Num mundo de guerras preventivas e consumismo exarcebado, entender como o público e coletivo cederam um espaço abissal para o privado e individual requer a análise vibrante ao mesmo tempo serena que Bauman apresentaAs novas formas de comunitarismo (nos quais estão incluídos o nacionalismo e até mesmo o ''novo populismo'', como vem sendo pejorativamente chamado por seus adversários de pacotilha), neste mundo onde o homem sonha com o prolongamento de sua vida, essas formas de comunitarismo são tentativas legítimas de combater os excessos de liberdade do grande capital, da falta de ética das elites financeiras, da invasão de um livre mercado internacional (onde os países desenvolvidos fazem as regras, mancomunados com os donos do dinheiro)? O mundo “pós-moderno” nos desafia a refletir sobre os benefícios da troca de segurança pela liberdade individual, pelo explícito desfrute da sensação da posse de nós mesmos. Mas é bom nos perguntarmos, até onde vai essa posse, qual o limite que ela atinge? (Shvoong)
http://reginaldobatistasartes.blogspot.com/2010/10/blog-post.html

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