26/02/2015 - 11H42 - ATUALIZADA ÀS 19H35 - POR ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE
Salman bin Abdelaziz al-Saud, novo rei da Arábia Saudita (Foto: Agência EFE)
SALMAN BIN ABDELAZIZ AL-SAUD, NOVO REI DA ARÁBIA SAUDITA (FOTO: AGÊNCIA EFE)
Líderes europeus lutando por medidas de austeridade, a Grécia pedindo um empréstimo e o Congresso dos Estados Unidos em uma luta para aprovar o orçamento. Mas na Arábia Saudita, não há esse tipo de problemas quando você é rei - e pode gastar bilhões e bilhões com apenas um decreto. Segundo o New York Times, o novo rei Salman bin Abdelaziz al-Saud decidiu presentear a população do país doando US$ 32 bilhões. A estimativa do valor é da Ashmore Group, empresa de investimento consultada pelo jornal americano. "A Arábia Saudita vive um tempo de festa", afirmou John Sfakianakis, diretor da Ashmore. O montante liberado pelo decreto é tão alto que equivale, por exemplo, ao orçamento anual da Nigéria, que é a maior economia da África.
O rei saudita assumiu o trono no mês passado após morte do irmão, o Rei Abdullah. Segundo o New York Times, ele apoderou-se do cargo rapidamente, já implantado medidas novas em várias esferas do governo. Mas nenhuma foi tão popular quanto a distribuição de pagamentos gigantes aos sauditas, que são feitos através de várias ações: grandes quantias enviadas a associações profissionais, literárias e clubes esportivos; investimentos em água e eletricidade, bônus equivalente ao salário de dois meses para funcionários públicos, soldados e pensionistas. Considerando que o Estado é o maior empregador do país, com 3 milhões de funcionários, muita gente está sendo beneficiada.
Algumas empresas privadas sauditas seguiram o rei e deram bônus comparáveis, colocando mais alguns bilhões no bolso da população. No Twitter, Salman avisou: "Querida população: vocês merecem mais e o que quer que eu faça ainda não será suficiente para dar tudo que vocêm merecem". Segundo a empresa de investimento afirmou ao NYT, os US$ 32 bilhões foram separados para serem gastos nos próximos anos, mas grande parte desse valor já está sendo liberado neste mês.
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E como a população está aproveitando esses bônus? O jornal americano mostra que eles estão gastando muito. Há quem compre novos celulares, aproveite para viajar ao exterior, quite dívidas, compre colares de ouro para suas mães e até doe para a caridade. Alguns homens têm aproveitado para realizar o primeiro, segundo ou terceiro casamento. Um homem até quis expressar o tamanho da sua felicidade postando um vídeo no YouTube em que aparece jogando muitas notas de Riyal, a moeda saudita, sobre um bebê deitado na cama (confira abaixo).
Não é a primeira vez que um rei distribui benefícios deste modo aos sauditas, um país que vive uma monarquia absoluta pelo menos desde 1923 e é regido pela lei islâmica, a sharia. Se de um lado, alguns direitos fundamentais são bastante restritos (principalmente para mulheres), de outro, o governo aproveita o dinheiro ganho com a exportação de petróleo para tentar deixar a população feliz. "Muitos sauditas descrevem isso como uma espécie de pacto social entre a família real e os cidadãos", analisa o jornal. Muitos analistas veem o bônus como uma espécie de instrumento político - tanto para 'compensar a população' das altas em impostos e diversos índices, como alugueis, quanto em termos de manifestações. Durante a Primavera Árabe, por exemplo, grandes bônus foram distribuídos pelo rei Abdullah quando o governo ficou preocupado que os protestos também tomassem o país.
A questão que muitos analistas estão discutindo agora é se o país conseguirá sustentar mesmo esse montante de benefícios, com a consistente queda dos preços no petróleo. Um analista da Jadwa Investment estimou que cerca de 90% da receita do governo vem do petróleo e que, com a queda dos preços, a receita pode ser reduzida em 20%. A companhia projeta que o governo terá um déficit recorde de US$ 44,5 bilhões em 2015 - isso sem contar os custos decorrentes do decreto real e dos benefícios à população.
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