quinta-feira, 29 de junho de 2017

O clã dos dag-dugpas

 13/02/2014

O VM Samael Aun Weor comenta, em diversos de seus livros e conferências, sobre os clãs dos Bonzos e dos Dag-Dugpas. São dois ramos das tradições pré-budistas tibetanas. São animistas, que praticam magia cerimonial, magia natural, magia elemental, ritos ancestrais. Enfim, podemos denominá-los Xamanistas.
O mestre Samael, nos seus livros iniciais, pensava que tanto os Bön (Bon-pos ou Bonzos) quanto os Dugpas eram magos negros. A própria Mestra Blavatsky também se confundiu com isso.

Porém, com o passar dos anos e pesquisas mais aprofundadas fizeram o mestre mudar de opinião e ver que os Bön na verdade eram grandes e poderosos magos brancos, e justamente os Dugpas é que eram os magos negros, membros diretos da Loja Negra.

Os Bön são magos que ainda praticam ritos pré-budistas e vivenciam profundamente os 3 Fatores de forma selvagem, radical. Podemos dizer que eles são praticantes da Psicologia Gnóstica Selvagem, radical, da morte radical do Ego mesmo.

 

Já os Dugpas (Druk-pa, Dugpa, Brugpa, Dag dugpa ou Dad dugpa) são tidos como os mais versados em feitiçaria e ritos tenebrosos. Habitam o Tibet Ocidental e o Butão, e, por incrível que pareça, nem os comunistas chineses mexem com eles…

Todos eles são Tântricos, e se supõe que praticam a pior forma de magia negra. Alguns ritualistas, como Mircea Eliade, que visitaram as fronteiras do Tibet confundiram os ritos e práticas dos Dugpas com as crenças religiosas dos Lamas orientais.

Esotericamente, sabe-se que a seita dos Dugpas, em que um dos membros tenebrosos mais destacados foi conhecido publicamente com o nome de Mao Tsé-tung, é o polo contrário da ordem mais antiga e poderosa do mundo, a Sagrada Ordem do Tibet.

Samael comentava como os Dugpas despertavam de forma tenebrosa o Abominável Órgão Kundartiguador (Kundalini negativamente):

“No Tibet, o Clã dos Dag Dugpas pratica o Tantrismo Negro. Os Iniciados Negros Dugpas ejaculam o sêmen misticamente, como os tenebrosos do Subud.

Os Dugpas de gorro vermelho têm um procedimento fatal para recolher o sêmen carregado de Átomos Femininos da própria vagina da mulher, logo o injetam uretralmente e o reabsorvem com a força da mente para levá-lo até o cérebro. Assim é como os Adeptos da Mão Esquerda pretendem mesclar átomos Solares e Lunares com o propósito de despertar a Kundalini. As intenções são boas, porém o procedimento é mau, porque o sêmen derramado está carregado de Átomos do Inimigo Secreto…

Essa técnica é o Vajroli, infelizmente mal empregado. O resultado inevitável desse tantrismo é a descida da serpente para baixo, para os abismos atômicos da natureza. Assim é como a humana personalidade termina separando-se definitivamente do Espírito Divino.

Então, o ser humano se converte em demônio. Não queremos ampliar nada sobre o Vajroli aplicado em seu aspecto ou fase puramente negativa, porque sabemos que existem muitas pessoas de mentalidade fraca que poderiam facilmente cair no horrível tantrismo…”

A Seita dos Bön

Quanto aos Bön, além de serem magos brancos, são ademais experts jinas. Muitos viajantes antigos, como a famosa exploradora Alexandra David-Neel, viam diversos sacerdotes flutuando em seus templos, ou voando pelos ares, ou pulando sobre altas montanhas. Um exemplo clássico de um Bön jinas foi Naro-bon-chung, um grande sacerdote pré-budista que desafiou Milarepa num “torneio de alta magia”…

Sobre os Bonzos, ensina o Mestre Samael: “Existe, no Tibet, uma Escola que merece que a examinemos muito seriamente. Quero me referir aos Bonzos. Blavatsky enfatiza a idéia de que eles são magos negros, de chapéu vermelho. Ela assegura que os Dugpas também são tenebrosos, mas é necessário examinar tal ponto.

Sobre os Dugpas, francamente não cabe nenhuma dúvida de que sim são Magos Negros, de que praticam o Tantrismo Negro (com ejaculação do Ens Seminis), de que desviam a força sexual, de que se convertem em tântricos tenebrosos (disso não há dúvida), porém enquanto aos Bonzos, parece-me que hse deve analizar e retificar.

A Iniciação Bön é terrível. Se um indivíduo, por exemplo, quiser seguir a Senda é submetido a rigorosas provas: o sacerdote faz soar sua trombeta, formada com ossos de mortos; adverte-se ao neófito de todos os perigos, são invocados os “Eus” psicológicos (a agrupação, digamos, de “agregados” que cada qual carrega dentro); fazem-nos visíveis e tangíveis no mundo físico, e se ordena (a esses “agregados” animalescos) que os devorem, que o traguem.

Se o sujeito permanece sereno, nada acontece; se não permanece sereno, pode morrer, devorado por seus próprios “agregados psíquicos”, materializados fisicamente (assim ele vem a saber qual é seu Ego, su “Eu”). Se permanece sereno, sabe que tem de dissolver os “elementos inumanos” que leva (eles foram materializados fisicamente, para que os veja); já sabe, então, qual é o caminho: Desintegrá-los.
A Iniciação Tântrica dos Bön é formidável. Depois de tal Iniciação, entra a trabalhar (de uma vez) com o Tantrismo: A transmutar o Esperma em energia (com sua Sacerdotisa-Esposa), a trabalhar de verdade. Dizem a ele como deve desenvolver todas as suas faculdades e poderes, até chegar à Autorrealização Íntima do Ser.
 
Sacerdote Bön fotografado por Alexandra David-Neel na entrada de uma floresta. Carregando um tambor e uma flauta feita de fêmur humano, este Bön realizava conjurações para afastar entidades negativas da floresta atrás dele.
Mas se o que o sujeito quer é não voltar, se não se sente capaz de se auto-realizar, se não é a Iniciação Tântrica o que quer, senão se emancipar, adiar a autorrealização para a futura Sexta Raza-Raiz, pode fazê-lo: Ensinam a ele DOIS MANTRAS, que os vocaliza, o neófito os canta , e ao proceder assim, seu corpo cai morto instantaneamente.

Então, já fora de seu veículo físico, começa a ser instruído pelos Bonzos Fazem-no passar por todos os terrores que existem, até que enfim, dissolvido o Ego, pode se emancipar e submergir, como um Buda Elemental, no seio da Grande Realidade, e aguardar aí até que passe esta Idade do Kali-Yuga.
É terrível a presença de um sacerdote Bön.

Quando se apresenta com seu avental (que está formado por puros ossos e crânios de mortos), com essa Mitra vermelha e o punhal na mão destra, assombra, horroriza. Por todos esses motivos, Blavatsky os qualificou de Magos Negros, porém analisando essa questão judiciosamente, viemos evidenciar que não são Magos Negros, porque não praticam Tantrismo Negro (para ser Mago Negro, há que se praticar Tantrismo Negro, e eles praticam o Tantrismo Branco).

A Iniciação que dão, quando alguém tenta se meter pela Senda do Fio da Navalha, é Tantra e Branca: Ensina-se ao Iniciado a transmutação do esperma em energia; dão-lhe os mantras para o despertar dos chacras e se os conduz pelo Quarto Caminho. Logo então, os Bonzos não são Magos Negros; o que são é radicais, violentos, ninguém os entende. Nem Blavatsky os entendeu; por isso os julgou equivocadamente.
Dos Dugpas eu não duvido muito: Esses sim ensinam Tantrismo Negro. Parece-me, pois, que com relação aos Bonzos, nos toca corrigir…”

O Símbolo Inimigo da Suástica

Assim como os grandes místicos da Índia e os judeus utilizaram-se da estrela de 6 pontas como seu símbolo nacional e espiritual; assim como Jesus e seus apóstolos e também o deus barba-branca Quetzalcóatl escolheram a Cruz somo seu símbolo poderoso etc., também os nazistas e seus mentores esotéricos criaram símbolos arquetípicos, mágicos, poderosos, para obter vitória atrás de vitória…

Sabemos que a suástica, a Runa Guibur, é profundamente solar, assim como a estrela-de-salomão (estrela de 6 pontas) e a cruz o são. Hitler e seus mentores espirituais conheciam o poder dos símbolos mágicos no inconsciente coletivo.

Esses arquétipos utilizados pelos nazistas (além da suástica, havia outros símbolos mágicos solares, como a runa Sig, ou Sigel, a Águia, a mão com 3 dedos estendidos, o punhal etc.) eram poderosos captadores e irradiadores de energias misteriosas, direcionadas nas cidades, nos jornais, nos campos de batalha, nas cidades conquistadas, nas roupas etc.

 

Inimigo número 1 dos nazistas em geral e de Adolf Hitler em particular, o primeiro-ministro Winston Churchill contatou o famoso mago inglês Aleister Crowley para criar símbolos que se contrapusessem aos símbolos dos inimigos alemães.

Crowley, segundo contam certos escritores, teria estudado profundamente muitos livros de simbologia, especialmente os de magia negra, pois ele sabia que só poderia se opor a um arquétipo solar outro arquétipo, porém do mal…

Estudando a simbologia tanto positiva quanto negativa do Antigo Egito, Crowley descobriu que haveria sim um símbolo que poderia anular a energia positiva da Runa mais sagrada dos povos nórdicos (a Runa Guibor, ou suástica)…

Pesquisando os símbolos dos “deuses negativos” do Egito tais como Seth, Apopi, Tifon, Hai, Nebt etc., Crowley criou um símbolo que ficaria marcado em nossa história até os dias de hoje. Tal símbolo foi chamado de “V da Vitória”. Apesar de ser um nome pomposo, tal símbolo era na verdade uma saudação negativa dos seguidores dos cultos aos “deuses” Apopi e Tifon…

Aleister Crowley

Se prestarmos bem atenção na sua conformação, veremos que além de nos lembrar a letra V de Vitória, este símbolo também representa um homem caído, invertido, com as pernas para o alto e o corpo para baixo. Os dois dedos destacados (indicador e médio) seriam as pernas para o alto e os três dedos restantes seriam os braços mais a cabeça, resultando então na representação de um homem de cabeça para baixo, caído, invertido, fulminado…

Churchill gostou da ideia e a utilizou sempre que podia. Em comícios, para a imprensa etc., o V da Vitória passou a ser o símbolo máximo dos Aliados contra os nazistas…

Lembrem-se, amigos, que o símbolo do V da Vitória é o sinal oposto do símbolo da saudação iniciática. Esta saudação gnóstica utiliza dos três primeiros dedos da mão direita estendidos, e os dois últimos fechados, exatamente como naqueles quadros onde vemos Jesus saudando…

Lembrando de um fato: infelizmente, os hippies utilizaram o V como seu símbolo, o que nos faz meditar sobre o motivo pelo qual eles fracassaram em sua marcha pela Paz e pelo Amor…
Churchill e o V da Vitória

A BENÇÃO VAI CHEGAR.





SUBTERRANEAN HOMESICK BLUES.





Confines entre economia y ética.







quarta-feira, 28 de junho de 2017

PORQUE A DISTRIBUIÇÃO DE RENDA SUFOCA O CRESCIMENTO.




''Justiça social '' não é expressão inocente de boa vontade para com os menos afortunados.


Estratégias de Valor



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A teoria moderna do portfólio (MPT) sugere que é possível aumentar os rendimentos reduzindo o risco por meio de diversificação. Para conseguir este objetivo, os participantes do mercado normalmente combinam classes de ativos que possuem correlações baixas entre si. Por exemplo, os títulos de dívida geralmente produzem um fluxo constante de rendimentos, enquanto as ações podem gerar ganhos de capital. É por isso que a combinação de ações e títulos de dívida em uma carteira de investimento pode proporcionar características de estabilidade, bem como de crescimento. Mais importante ainda, combinar diversas classes de ativos pode diminuir a volatilidade geral, o que poderia levar a uma melhor relação entre risco e retorno. O modelo de precificação de ativos financeiros (CAPM) quantifica a teoria moderna do portfólio ao identificar o beta, que mede a sensibilidade de uma ação a respeito do mercado, como um fator de risco único no modelo. 
Consequentemente, é possível atingir rendimentos mais elevados correndo maiores riscos e rendimentos mais moderados seriam o resultado de se assumir menos riscos.

Desde a introdução do modelo CAPM, diversos fatores de risco têm sido identificados como impulsores dos rendimentos das ações. Devido à possibilidade de atingir a diversificação mediante a combinação de diversos fatores que apresentam uma correlação baixa ou negativa, um método de alocação de ativos baseado em fatores, que procura representar as exposições1 a fatores de risco sistemático, tem ganho popularidade nos últimos anos. Basicamente, uma estratégia baseada em fatores utiliza os impulsores de rentabilidade subjacentes (fatores) dos títulos para construir uma carteira bem diversificada e sistemática que possa proporcionar retornos ajustados ao risco mais elevados do que o mercado geral em um horizonte de investimento de longo prazo.



terça-feira, 27 de junho de 2017

ROBOTIZAÇÃO DOS PROCESSOS.





?


Compram-se por pouco, mas valem cada vez menos.


O DEMÔNIO ME DISSE – por Giovanni Papini
I
Durante toda a minha vida somente cinco vezes tive ocasião de falar com o Diabo, mas estou certo de que, entre os vivos, sou eu quem mais intimamente o conhece e com quem ele se mostra mais afável. Trata-me — afirmo-o com certo orgulho que não tento dissimular -com uma benévola condescendência que chega às vezes a comover-me. Quando estou em sua companhia, limito-me a ouvi-lo. Assim não me engano; escuto-o e admiro-o. O Diabo, pelo menos como me tem aparecido até agora, é uma figura fora do comum. É alto e muito pálido, ainda bastante jovem, mas com essa juventude que viveu demasiado e que é mais triste que a velhice. O rosto muito branco e comprido nada tem de particular a. não ser a sua boca sutil, fina e apertada; tem uma ruga única e profundíssima, que se alça perpendicularmente entre as sobrancelhas e se perde quase na raiz dos cabelos. Nunca pude verificar bem a cor dos seus olhos, pois não consegui olhá-lo mais que alguns momentos; não sei tampouco a cor dos seus cabelos, porque um gorro de seda, que nunca tira, os esconde completamente. Traja corretamente de preto e as mãos estão sempre irrepreensivelmente enluvadas.

É difícil que, nestes tempos que correm, se decida a vir à terra. Um dia confessou-me tristemente:

— Agora os homens não me interessam mais. Compram-se por pouco, mas valem cada vez menos. Não têm nem medula, nem alma, nem coragem. Talvez nem sequer tenham sangue suficientemente vermelho para firmar o contrato.

Entretanto, quando se aborrece, às vezes, em seu desolado país, costuma visitar-nos. Ninguém em verdade o nota, porque os homens já não o reconhecem e passam a seu lado, tomando-o por um de seus semelhantes e até mesmo sorrindo-lhe e tirando-lhe o chapéu com um ar de segurança que causa espanto. Mas eu sempre sinto o roçar de seu passo e procuro desfrutar da sua companhia. A conversação do Diabo é a mais proveitosa e agradável que conheço, é daquelas que fazem compreender o mundo e, sobretudo, o mundo que está em nós, muito mais do que os pequenos e grandes tratados de auto didática, que se lêem na biblioteca de Heidelberg.

Nunca conheci ninguém mais indulgente que o Diabo. Conhece tão profundamente a mesquinhez, a velhacaria, a sujidade e bestialidade humanas, que nada o espanta nem o desgosta. É pacífico e sorridente como um sábio antigo, e às vezes, me parece mais cristão que todos os cristãos do mundo. Perdoou, por fim Àquele que o condenou e arrojou de seu seio. Quando a isto se refere, reconhece que o Onipotente agiu com inteira justiça, precipitando-o do céu, visto que um rei não pode permitir que se achem em torno de si seres por demais soberbos e indisciplinados.

— “No lugar dele — confessou-me, certa ocasião — eu teria condenado os rebeldes a uma pena mais terrível. Te-los-ia obrigado à inação, à imobilidade. Em troca, Deus foi generoso e clemente comigo, proporcionando-me os meios de seguir a carreira para a qual eu mostrava mais inclinação. Embora atualmente eu me sinta um tanto cansado, não tenho muitas razões de queixa; no seio da beatitude celeste eu me aborreceria muito mais”.

Ele se mostra animado, inclusive a respeito dos homens, de uma benevolência um tanto irônica, não isenta de um desprezo convicto que não consegue dissimular. Ele é, por ofício, o atormentador dos homens, mas, graças a um longo costume, tornou-se menos feroz e menos terrível. Já não é o hirsuto e monstruoso demônio da Idade Média, com rabo e cornos, que ia acariciar as virgens nos mosteiros, e excitar a febre solitária dos padres no deserto.

Viu que a tentação é, agora, perfeitamente inútil. Os homens pecam por si mesmos, natural e espontaneamente, sem necessidade de excitações e convite. Deixa-os em paz e os homens correm a ele já como inimigos a conquistar. Por isto, não os considera já como inimigos a conquistar, mas como bons e fiéis súditos, dispostos a pagar seu tributo sem fazer-se de rogados. Despertou-lhe por isto, nestes últimos tempos, certa compaixão para conosco, os homens, e que, se não destrói o desprezo, o atenua e encobre. Confirmei esta última opinião, durante o colóquio que tive com ele, no qual me revelou uma coisa que tem certo valor para todos os que buscamos o que está mais alto e o que está mais longe.



II

Encontrei-o, da última vez, numa dessas ruas solitárias dos arrabaldes de Florença, apertadas entre velhos muros, por cima dos quais apontam as oliveiras. Ia lendo um livro de capa negra e ria consigo mesmo, como só ele sabe rir. Aproximei-me e, apenas me viu, fechou o livro, segurou-me no braço e começou a dizer-me:

— Conheço há séculos este livrinho, a Bíblia; releio-o de quando em quando, se tenho necessidade de pôr-me de bom humor. A que eu leio agora é em inglês, e notei que o inglês se presta admiravelmente para o Antigo Testamento ao passo que prefiro o italiano para o Novo. Estava relendo agora, pela milésima vez, os primeiros capítulos da Gênesis, e você compreende facilmente por quê. Tenho aí um papel importante e sinto-me às vezes, além de soberbo, vaidoso. Agrada-me, falando verdade, tornar-me a ver sob o belo adereço da serpente enroscada na árvore, como nas velhas gravuras, avançando a minha cabeça escura para o alvo corpo nu da apetitosa Eva. Mas é uma verdadeira lástima que a história da tentação tenha sido tão alterada pelos historiadores servos de Deus. Qualquer dia, se tiver tempo, publicarei uma edição correta da Bíblia, e não só correta, mas também aumentada, porque os santos e piedosos escritores tiveram escrúpulos de citar com demasiada freqüência o meu nome e deixaram na obscuridade algumas das minhas melhores empresas.

“Voltando à tentação, repito, meu querido amigo, que a narrativa bíblica foi descaradamente falseada. Nunca eu disse isto a homem algum, mas creio que a Você se pode dizer o que nenhum homem seria capaz de inventar por si mesmo. Confessarei, pois, que não fui, no verdadeiro sentido da palavra, um tentador ou um enganador. Quando me dirigi a Eva para decidi-Ia a provar do fruto proibido, não tinha nenhuma intenção de desgraçar os homens. Meu único propósito era vingar-me de Jeová, o qual, segundo julgava naquele tempo, me havia tratado indignamente. Queria criar-lhe rivais em poder e por isso não era de modo algum farsante, quando dizia a Eva: “Come deste fruto e Serás semelhante a Deus”.

“Eu dizia, asseguro-lhe, a pura e estrita verdade. Realmente, a árvore proibida era a de sabedoria; a árvore da ciência, não só do bem e do mal, como diz o Hebreu, senão também do verdadeiro e do falso, do visível e do invisível, do céu e da terra, dos animais e dos espíritos. E Você sabe, querido amigo, o que é sabedoria e poder, e que ser Deus significa ser sábio e poderoso. Por isto, não queria enganar aos homens quando lhes indicava o meio de se tornarem semelhantes a Jeová. Meu interesse estava em que o conseguissem, porque esperava a sua ajuda para reconquistar o céu.

“Vejo em seus olhos que quer perguntar-me alguma coisa e sei o quê. Como foi que Adão e Eva, apesar de terem comido o fruto proibido, não se converteram em deuses, mas foram arrojados por seu Deus do belo jardim?

“Se quiser, explicarei em poucas palavras este aparente mistério. Eva, na confusão do momento, não notou que os frutos da árvore eram muitos e diversos e não ouviu o que eu lhe dizia, isto é, que não bastava comer alguns, que era necessário despojar inteiramente a árvore — adquirir toda a sabedoria. Apesar disto, apenas comeu um, faltou-lhe ânimo para colher e comer rapidamente de todos os outros, e aconteceu que Jeová teve tempo de aperceber-se do perigo e remediá-lo imediatamente com o desterro perpétuo. Se Adão e Eva tivessem comido todos os frutos da árvore maravilhosa, o Grande Velho já não teria tido poder para arrojá-los do paraíso. Teriam sido Deus contra Deus e nenhum anjo, apesar de armado de espada flamejante, os teria posto em fuga. Deus pôde castigá-los porque não tinham pecado inteiramente. O pecado original foi castigado porque não foi bastante grande. Assim ocorre sempre na terra e não hei de lembrar-lhe uma vez mais o colóquio entre Alexandre e o pirata, para lhe revelar que um crime é castigado quando é pequeno e glorificado e premiado quando é grande.

“O homem, naquele jardim longínquo, perdeu pois, uma magnífica oportunidade para converter-se em Deus e eu perdi uma das poucas probabilidades de voltar ao céu. Mas eu creio, excelente amigo, e lhe digo, embora você e os outros homens não dêem muito crédito aos conselhos do Demônio, eu creio que vós ainda estais em tempo de acabar com todos os frutos da árvore, estais em tempo de converter-vos em deuses. Vós não vos lembrais do caminho do Paraíso Terrestre, mas eu sei que algumas sementes daquela árvore voaram fora e já estão desenvolvidas. É preciso procurá-las em vossos bosques, cuidá-las e podá-las até que tornem a dar seus frutos. E então — acredite num velho amigo, que alguns, cujos servos invejosos, querem fazer passar por inimigo dos homens — podereis comer a vosso gosto, até à saciedade, e minha promessa será cumprida.

“Desejaria Você perguntar-me algum sinal de reconhecimento desta árvore e de seus frutos? Nada lhe posso dizer: Cumpre que vós mesmos a encontreis, com paciência e perseverança. Avisai-me logo que a tenhais encontrado, porque então a minha missão estará cumprida e talvez Deus me chame a si”.

A voz do Demônio, neste momento, tomou-se um pouco melancólica. A ruga profunda e reta que tem no meio das sobrancelhas me pareceu acentuada. Após deter-se alguns instantes, como dominado por algum pensamento, continuou o caminho em silêncio, olhando as estrelas, que principiavam a cintilar no lânguido céu da noite que se aproximava.

A Outra Face da Inveja..



A Outra Face da Inveja (2) ..

Aqueles que são invejados entristecem-se com o rancor que sentem à sua volta; se são orgulhosos, por receio de algum prejuízo; se generosos, por compaixão dos que invejam. Mas depressa se alegram: se..

(..)

Filosofia e Amor são completamente Antagónicos

Entre a filosofia e o amor não há possibilidade de convivência. A filosofia exila a mulher e a mulher exclui a filosofia. Os filósofos são todos cérebro sem coração nem testículos. Aqueles que tiveram mulheres e filhos são filósofos menores, em segunda mão. Os maiores são todos misóginos.

A filosofia tem relação com a castidade: quem se aproxima da mulher não pode alcançar o absoluto. Os filósofos foram eunucos, como Orígenes e Abelardo; ou virgens por eleição, como São Tomás e São Boaventura; ou eternos celibatários, como Platão, Espinosa, Kant, Schopenhauer, Nietzsche, como todos os maiores. Quem teve mulher, como Sócrates, considerou-a empecilho e tortura.

São antes sodomitas, como Séneca e Bacon, ou onanistas, como Rousseau, Kierkegaard e Leopardi - em todos os casos, antifemininos. A mulher é a vida e a filosofia uma espécie de morte; a dona é o primado do sentimento e a filosofia quer ser racionalismo puro; a mulher é capricho e novidade e a filosofia ordem e sistema.

No entanto, a filosofia não se pode vangloriar de vencer, com a sua força, a tentação de Eros - é verdade, ao invés, que a frigidez e a impotência predispõem para a filosofia. Se virem um filósofo marido e pai feliz, desconfiem da sua filosofia - pode ser, quando muito, professor ou vulgarizador de metafísica, mas de modo algum um criador de sistemas.

Giovanni Papini, in 'Relatório Sobre os Homens'

(..)

Considero fundamental o estudo, e não apenas a leitura, de três obras para uma boa compreensão acerca do que seja a personagem Satanás – Diabo – e em conseqüência o que seja o fenômeno do satanismo: PAGELS, Elaine. As Origens de Satanás – Um Estudo Sobre o Poder Que as Forças Irracionais Exercem na Sociedade Moderna. Rio de Janeiro. Ediouro. 1996; RUSSELL, Jeffrey Burton. O Diabo – As Percepções do Mal da Antigüidade ao Cristianismo Primitivo. Rio de Janeiro. Editora Campus. 1991; RUSSELL, Jeffrey Burton. Lúcifer­ – O Diabo na Idade Média. São Paulo. Madras Editora Ltda. 2003.

Poderia colocar entre estas as obras como de Arthur Lyon (Culto a Satã), Joan O’Grady (Satã – O Príncipe das Trevas) e o clássico dos clássicos “O Alfabeto do Diabo” do Dr. Kurt E. Koch, mas estes embora se revistam de grande importância podem ser contadas junto a inúmeras outras.

PAPINI, Giovanni. O Diabo – Apontamentos Para Uma Futura Diabologia. Edição publicada em Portugal, Editores Associados. Coleção Unibolso.

Quero acrescentar à lista mais seleta a obra O Diabo (1953) de Giovanni Papini (1881-1956), escritor, literato, dramaturgo, filósofo e intelectual italiano, durante muito tempo esteve ligado às correntes céticas de pensamento, sofreu um violento processo de conversão ao catolicismo. A partir de então a temática da espiritualidade marcou seus escritos.

Lúcido, inteligente e inusitado, seu livro O Diabo gravita entre a ortodoxia e a heterodoxia, Papini, apesar de católico, põe e expõe teorias e concepções acerca do diabo que não são abordadas há muito nos arraiais do catolicismo, pelo menos não por abordagem semelhante.

Tendo lido diversas obras acerca do tema não me contento com qualquer título que se propõe em discorrer sobre esta personagem, todavia logo nas primeiras páginas percebi que tinha diante de meus olhos uma obra singular, tanto pela pretensão, quanto por sua abordagem, e, gostei do que me colocara a ler desde o princípio. Pois, como não gostar de um autor cristão que ousa, logo em suas primeiras páginas, escrever tais palavras?

Ele chama-se, em hebraico, Satã, isto é, o Adversário, o Inimigo; chama-se em grego o Diabo, isto é, o Acusador, o Caluniador. Mas, é lícito, a um cristão, odiar o inimigo? É lícito, aos homens, caluniar o caluniador?

Os cristãos, até à data, não têm sido bastante cristãos para com Satanás. Temem-no, fogem-lhe ou fingem ignorá-lo. Mas se o medo pode, uma ou outra vez, salvá-los das suas tentações, não é decerto arama de salvação para o futuro e para o remanescente dos homens. Cristo, exemplar divino do cristão, falou com Satã durante quarenta dias e acolheu o beijo daquele em quem Satã se encarnara para O conduzir à morte. Ainda mais perigosa do que o medo é a indiferença, que acaba, as mais das vezes, em cumplicidade culposa das ofensivas diabólicas. Quem não esteja em guarda é mais facilmente sobrepujado e capturado. Dsta vez também foi um poeta que adivinhou a verdade: “La plus belle ruse Du Diable – escreveu Baudelaire – est de nous persuader qu’il n’exist pas.” [1]

(PAPINI, S/D, P.13)

Talvez, não concordemos com todas as proposições do autor, e tampouco partilhemos da credulidade que expressa acerca da existência, poderes e possibilidades do Maligno, mas é difícil que deixemos de reconhecer os méritos de Papini.

O texto está construído a partir da premissa básica que afirma a necessidade a que conheçamos as informações, sobretudo bíblicas, mas também extrabíblicas, sobre o Diabo. Deste ponto os capítulos fluem investigando as teorias acerca de sua origem e natureza, da rebelião e seus motivos; especula acerca do “sofrimento” de Deus pela queda de seu anjo dileto, quais sejam as relações entre Deus e o Diabo, Cristo e Satã, como o Maligno se relaciona com Gustave Doré (1832-1883). A tentação de Cristo. “E, acabando o Diabo toda a tentação, ausentou-se dele por algum tempo.” (Lc.4,13)

os servos de Deus, qual sua relação com os homens, quem são os amigos do Diabo, como o Diabo figura na Literatura, como outras tradições religiosas vêem o Diabo – os persas, os gregos, os indianos e os muçulmanos – quais são os aspectos e os costumes do Diabo, qual é a utilidade do Diabo, e, qual será o fim do Diabo. Papini fecha seu livro com uma bela peça – em três atos –, O Diabo Tentado (1950), carregada de lirismo e fortemente influenciada pela obra do poeta inglês John Milton (1608-1674), autor da célebre obra O Paraíso Perdido (1667).  
      
Considero esta leitura edificante, mas cito as palavras de C.S. Lewis (1898-1963), que considero o um alerta importante:

Há dois erros idênticos e opostos nos quais nossa espécie pode cair acerca dos demônios. Um é não acreditar em sua existência. O outro e nutrir um interesse excessivo e doentio neles. Os próprios diabos (Sic) ficam igualmente satisfeitos com ambos os erros e saúdam o materialista ou o mágico com o mesmo deleite.

(LEWIS, 1996, p. 9)

Bibliografia.
LEWIS, C.S. Cartas do Diabo ao Seu Aprendiz. Petrópolis/RJ. Editora Vozes. 1996.
PAPINI, Giovanni. O Diabo. Lisboa/Portugal. Editores Associados – Livros Unibolso. S/D.
[1] “O melhor truque do Diabo é persuadir-nos que ele não existe”.


Apontamentos Para Uma Futura Diabologia

A castração do imaginário criativo na educação racionalista (ou: O resgate do poder criador na busca dos novos paradigmas)


A educação racional iluminista foi a semente da moderna educação industrial capitalista, cujo grande objetivo tem sido “preparar o ser humano para se tornar uma pessoa socialmente produtiva”.

Na prática tudo isto implica em podar as raízes da infância introduzindo massas de conteúdos e de ideologias para a pessoa poder ocupar um lugar “útil” no sistema social vigente.

A ideologia científica e materialista em especial, busca encher a mente da criança com conceitos e anti-conteúdos para minar o imaginário e a sensibilidade, numa franca substituição da qualidade pela quantidade; como de resto é comum acontecer nas sociedades capitalistas e materialistas. 

Nas sociedades marxistas os rumos não têm sido muito diferentes, uma vez que o socialismo mal passa de uma “reforma” econômica do capitalismo, sem maiores críticas de valores, pertencendo antes à mesma base cultural modernista -cujo materialismo positivista dos séculos passados (quando estas visões-de-mundo foram forjadas) representa, aliás, algo que já tem mudado bastante, em termos teóricos sobretudo...

A revalorização do abstrato

A experiência do imponderável era visto nas sociedades antigas como fator de amadurecimento humano. O ser humano capaz de apreender apenas o óbvio, costumava ser chamado de “criança” pelos hindus.
O foco no óbvio e no imediato representa um reforço direto no instinto e no “ego”, mantendo o ser humano naquela etapa infantil egolátrica de auto-afirmação, entre outros instintos próximos. A competição capitalista apenas institui esta situação pelo darwinismo social pseudo-científico, coisa que o marxismo ainda “ideologiza” através da luta-de-classes.
Os egos inflados dos cientistas é coisa conhecida, semeados pela cultura acadêmica onde o espiritual e o transcendente são sistematicamente colocados de lado, resultando na famosa e perigosíssima “Ciência-sem-consciência”A ingenuidade e a ignorância ante as dinâmicas espirituais, ainda coloca os materialistas diretamente na mão das forças obsessivas que eles negam existir, depois que caíram nas armadilhas do próprio ego e da ideologia reinante.
Estes seres estão desgraçadamente mortos para a experiência do sensível e do imaginário, onde se abrem as perspectivas de exploração das energias sutis, e talvez de muita coisa incluída nos cálculos abstratos da Ciência Moderna...
Ora, o conteúdo lúdico que impera na infância -até há pouco amplamente desprezado pelos sistemas educacionais-, representa sabidamente um dos fundamentos da consciência, que Claude Levi Strauss vinculou à cultura vigente nas sociedades primitivas ou originárias.
Neste sentido, podemos fazer uma associação direta do lúdico ao mítico, onde se abrem as possibilidades humanas para o raro e o maravilhoso. O mito faz parte da ciência espiritual. Tal como a criança aprende brincando, o adulto que busca a espiritualidade tem no mito aquela ponte necessária entre o automatismo antigo e a experiência espiritual própria. Aqui entra também o plano religioso em geral, assim como o próprio imaginário épico, onde se exploram novas possibilidades para o ser humano, especialmente no campo social.
Numa linguagem moderna, podemos associar este foro-de-consciência às várias possibilidades que a Física Quântica expõe através do exercício do livre-arbítrio e da qualidade-da-consciência. A epistemologia demonstra também que a consciência infantil percebe o mundo nos termos da relatividade einsteniana, ao passo que o adulto o faz em termos de física cartesiana.
As metas ideológicas desta educação racionalista são evidentes, pois almeja atar e reduzir o ser humano ao racional e ao materialismo, impedindo outras visões-de-mundo como aquelas das sociedades antigas e tradicionais, com suas decorrentes divergências sociais e culturais, mas também não raro com amplo poder holístico ou universal, coisa que as sociedades racionais/materialistas sustentam apenas sofrivelmente ou sob um amplo reducionismo.
O aprendizado do uso da imaginação –tão natural na infância- representa um fator de experiência integral em todas as etapas da vida. Sobre ela se esteia a esperança e a busca do ideal, seja no trabalho, no matrimônio, na sociedade e na própria realização espiritual. O imaginário é aquilo que permite escapar ao imediatismo e colocar bases para experiência mais plenas, íntegras e completas. Afinal, neste imaginário resta espaço para buscar o equilíbrio nas coisas, tal como harmonizar céu e terra e também o eu e o outro.
Muitas filosofias se estruturaram sobre o pensamento abstrato criativo. A força criativa direcionada para o sutil, confere valor moral, idealismo social e integridade humana, podendo resultar ainda no despertar de vários dons e poderes espirituais. A própria iluminação, comumente associada à imortalidade espiritual, deriva deste conjunto de esforços concentrados, devidamente coroados pelos esforços no plano da meditação.
Obviamente, a sociedade-de-consumo perverte todo tempo este quadro, substituindo o idealismo pela compulsão e impondo o instinto acima da aspiração. Os valores verdadeiros –aqueles que tangem à alma e ao espírito- demandam o uso do tempo. O crescimento de uma árvore saudável pode tardar décadas. E existem semeaduras espirituais que podem levar tanto ou mais tempo que isto.
Daí a necessidade de haver modelos sociais inteiramente novos, onde as sementinhas dos grandes ideais possam ser regadas no dia-a-dia até serem colhidas como frutos de luz capazes de nutrir uma nova sociedade no futuro e assim renovar as esperanças do mundo.
Afinal, a diversidade da experiência se reflete na pluralidade social, e isto enriquece a cultura e desonera a pegada humana sobre a terra.

A educação verdadeira é permanente

A educação representa provavelmente a coisa mais importante das nossas vidas. Porém, para chegar a ser eficaz ela deve ser integral e permanente, assim como, é claro, precoce.
Podemos pensar que a educação modernista não seja permanente ou vitalícia, mas isto pode ser uma grande ilusão. A educação racionalista alcança os seus efeitos porque, além de precoce, oferece coerência e continuidade através do cotidiano das pessoas. Além das sucessivas fases da instrução formal, existe no dia-dia um quadro de informações coerente com ela através da mídia direcionada e da própria família.
Nos lares burgueses, a religião, quando existe, é tratada como uma mera formalidade, e não raro vista por alguns com desdém. Nas sociedades marxistas ela tende a ser mostrada diretamente como superstição e alienação. Estas optam antes pela ênfase social, que no capitalismo se reduz quase ao assistencialismo, tendo a religião como um dos instrumentos para isto, às vezes quase como simples válvula-de-escape ou mesmo elemento de demagogia moral.
Então estas sociedades burguesas e materialistas oferecem, na prática, um contexto bastante completo e vitalício de educação permanente, onde a educação nasce e se completa com a ideologia cotidiana.

O resultado disto é certo modelo-de-humanidade que se limita praticamente à produção e ao consumo materialista, gerando um desequilíbrio inédito e insustentável de valores que vem pesando gravemente sobre o planeta.
Existe daí um esforço para incutir a noção da sustentabilidade nas crianças, coisa todavia pouco produtiva quando o sistema em geral não caminha na mesma direção. Esta ideologização verde não tem como surtir maiores efeitos enquanto o mundo carregue na devastação e na poluição. O contraste ideológico é apenas frustrante (podendo levar às drogas e à depressão), e podendo ser resolvido somente pelo esforço de criação de novos ambientes, como meta também da efetivação de um novo modelo de ser humano. A criança humana não traz maiormente tendências, apenas grandes potenciais, daí a importância do ambiente em geral.
Do contrário permaneceremos atados ao discurso, sendo merecedores do desdém de nossos filhos por dizermos uma coisa e mostrar outra totalmente diferente, e nem ao menos apontar caminhos realmente viáveis de mudança cultural. Tal coisa vale para todos os valores que se queira ensinar, inclusive espirituais, heroicos e sociais.
Basicamente, temos a impostergável tarefa de criar novos sistemas sociais onde a experiência quântica do verdadeiro livre-arbítrio possa ser efetivada, fazendo avançar a marcha da Boa Ciência e da verdadeira ilustração, sem as velhas amarras que o obscurantismo positivista tem imposto ao mundo a um preço tão cruel, desumano e injusto com a globalidade e a riqueza da cultura universal.