domingo, 11 de junho de 2017

A difícil vida do gênio incompreendido...


O livro de Artaud que mais me impressionou foi o seu VAN GOGH, escrito em 1948, no qual ele condena todas as formas de psiquiatria e com isso toda autoridade organizada, uma vez que todos os países praticam a psiquiatria, inclusive o país das ‘’maravilhas socialistas’’. Neste livro, ele afirma que todo louco, todo indivíduo marcado e estigmatizado e, acredite, todos os loucos são realmente marcados e estigmatizados, É UMA PESSOA DE LUCIDEZ SUPERIOR CUJAS IDÉIAS A SOCIEDADE CONSIDERA INCOMODAS PARA ELA. Este livro me impressionou quando o li, em 1948, o ano da vitória de Truman sobre Dewey. Nessa época, eu ainda estava na universidade e os estudantes intelectuais, ou seja, aqueles que não eram a favor do basquetebol e que, de vez em quando, liam livros que não eram de leitura obrigatória, estavam em sua maioria interessados em Marxismo e folk-songs ou, os mais avançados, em Freud e Wilhelm Reich. E eu estava interessado em Artaud que era para mim o símbolo da verdadeira revolta que faz jus ao nome.



Para ilustrar o estado de espírito do corpo universitário naquela época, basta dizer que eu entrava numa sala de aula com um exemplar de Baudelaire e era imediatamente agarrado por uma estudante de literatura que parecia achar que eu era realmente Baudelaire em pessoa. Pouco depois disso me colocaram numa fábrica de loucos onde levei choques até renunciar a todas as minhas leituras, etc,etc. Mais tarde, os livros que permaneceram comigo foram roubados por diversos desordeiros locais e logo fui jogado em outra casa de loucos mais selvagem ainda.




O CASO DO CHAMADO LOUCO REVELADO POR ARTAUD E POR MAIS NENHUM OUTRO ESCRITOR É, NA VERDADE, O CASO DE SÓCRATES, QUE FOI CONDENADO Á MORTE POR SER AQUILO QUE NA SUA ÉPOCA ERA CONSIDERADO ''BRILHANTE'', QUER DIZER, NÃO-ESTÚPIDO. EU AFIRMO QUE NÓS VIVEMOS NUMA GERAÇÃO DE CHARLATANISMO EM TODOS OS NÍVEIS, PROPAGANDA ENGANOSA E CORRUPÇÃO GENERALIZADA, E QUE NÃO HÁ LUGAR PARA UM HOMEM HONESTO EM NENHUM DOS LADOS DA CORTINA DE FERRO.

Carl Solomon, ''De repente, acidentes''.

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