quarta-feira, 14 de junho de 2017
O PRESENTE DA ÁGUIA.
Assim é que, de saída, não há que tomá-las literalmente, nem analisá-las com uma lógica racional.
Em seu livro "O Conhecimento Silencioso", Carlos declara que estas histórias são "manifestações do Espírito", e que as escreveu como "um trabalho de bruxaria". O único modo como podemos decifrar o seu sentido é através do "conhecimento silencioso". Em uma de suas palestras na Casa Amatlán, nos disse:
Explicou que a fim de ajudar a apagar a história pessoal eram ensinadas mais três técnicas. Eram elas: perder a importância própria, assumir a responsabilidade e usar a morte como conselheira. A idéia era que, sem o efeito benéfico dessas três técnicas, apagar a história pessoal envolveria o aprendiz em ser furtivo, evasivo e desnecessariamente vacilante quanto a si e seus atos.
idem
...........................................................................
· Você se leva a sério demais - disse ele, devagar. – É muito importante, na sua concepção. Isso tem de mudar! Considera-se tão importante que acha que tem razão para se aborrecer com qualquer coisa. É tão importante que pode ir embora, se as coisas não lhe agradam. Imagino que você pense que isso demonstra força de caráter. Isso é besteira! Você é fraco e convencido!
Tentei protestar, mas ele não deu atenção. Mostrou-me que em minha vida eu nunca chegara a terminar nada por causa daquela idéia despropositada de importância que eu dava a mim mesmo.
Eu estava assombrado diante da certeza com que ele dizia as coisas. Era verdade, é claro, e isso me deixava não só zangado, mas também ameaçado.
- A importância própria é outra coisa que tem de ser abandonada, assim como a história pessoal - explicou, num tom teatral.
Eu certamente não queria discutir com ele. Era óbvio que eu levava uma desvantagem tremenda.
(.)
Falou que seu benfeitor tinha concedido tempo e cuidado especiais para ele e seus discipulos em relação a tudo que pertencia ao aperfeiçoamento da arte de espreitar. Usava técnicas complexas para criar um contexto apropriado para uma contrapartida entre os ditames do regulamento e o comportamento dos praticantes no seu mundo diário, quando eles interagiam com as pessoas. Acreditava ser essa a forma de convencê-los de que, na ausência da auto-importância, o único modo de um praticante de nagualismo lidar com o meio social era em termos de ''loucura controlada''.
Ao longo do desenvolvimento de suas técnicas, o benfeitor de Dom Juan lançava as ações das pessoas e as ações dos praticntes contra as exigências do regulamento, e então se retirava e deixava o drama natural se desenrolar por si próprio. A loucura das pessoas tomava a frente por algum tempo e arrastava os praticantes consigo, como parece ser o curso natural das coisas, e só se recompunha no final, com os desígnios mais abrangentes do regulamento.
Presente da Águia - pág. 171
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário