segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Conte défend le projet de budget et promet un décollage de la croissance



Essas agências de notação querem governar o mundo sem mandato ou legitimidade popular. Tirania Economicista

"Há uma tirania à qual jamais nos poderemos submeter: é a das leis económicas. Porque, sendo um facto que ela é totalmente estrangeira à nossa natureza, é-nos impossível progredir nela. Ela torna-se insuportável porque é de um grau demasiado baixo. É aí que se encontra o critério; é aí que é preciso escolher mesmo sem pedir provas. Ou temos ou não temos o sentido da hierarquia dos valores, e qualquer discussão é impossível com aqueles que invertem esta hierarquia"
(Ernst von Salomon)
Não haverá discussão construtiva se os interlocutores não baixarem a guarda diante das expectativas políticas do governo italiano. Eles elaboraram um plano detalhado e pretendem executa-lo, para colherem seus frutos (sociais, econômicos e políticos). A parte contrária não oferece nada além de críticas previsíveis, fundamentadas na cartilha neoliberal da União Européia e ameaças de sua polícia tecnocrática. Que discussão construtiva pode surgir a partir disso? Querem desconstruir o governo italiano com discussões construtivas? Além do mais, esse ''suposto alarmismo'' está sendo exagerado pela mídia liberal européia com finalidades muito duvidosas. Os bancos italianos já tinham problemas desde muito antes desse governo assumir e, de certa forma, a crise de alguns deles foi o que levou o atual governo ao poder. Sem falar naquele caso dos créditos podres... Tudo herança de um governo liberal afinado com Bruxelas. E agora querem tratar o novo governo como uma máfia orçamentária irresponsável, só por lançarem o olhar para horizontes mais amplos de desenvolvimento nacional. Só falta dizerem que o orçamento italiano é ilegal porque prejudica os bancos, quando o objetivo é melhorar a vida da população, reforçando a garantia de seus direitos coletivos assegurados constitucionalmente..Discussão construtiva a partir do ''dilema dos bancos''? A quem vocês estão querendo fazer rir?
(.)
Mas se o liberalismo, remetendo-se a sua tradição pré-ideológica e pré-iluminista, se limitasse a defender a maior liberdade possível da esfera individual privada, a combater toda intromissão abusiva ou desnecessária na mesma de poderes públicos e sociais, se o mesmo servisse de limite às tendências "totalitárias" em sentido negativo e opressivo, se defendesse o princípio de liberdades parciais (se bem o mesmo deveria defender também a idéia de corpos intermediários, dotados justamente de autonomias parciais, entre o vértice e a base do Estado, o que levaria diretamente ao corporativismo), se estivesse disposto a reconhecer um Estado omnia potens, mas não omnia facens (W. Heinrich), quer dizer que exerceria uma autoridade superior sem se intrometer em tudo, a contribuição "liberal" seria assim mais positiva (não se desfaria numa ingerência burocrática destinada a proteger interesses específicos). Em especial se temos em conta a atual situação italiana, poderia ser também positiva a separação da esfera política nacional em relação aos desmandos da tecnocracia européia, sempre que isso significasse um conflito de interesses pátrios com os principios (totalmente duvidosos e economicistas) da segunda. Não obstante aqui se encontraria um obstáculo insuperável, posto que o liberalismo tem uma fobia por tudo o que pode assegurar à autoridade estatal um fundamento superior e espiritual e professa um fetichismo bestializante totalmente dominado pela idéia de ''Mercado''
(.)
É Michel Crozier (1963) que lembra a existência de uma literatura – direta ou indiretamente influenciada pelo marxismo – que associa o funcionamento do aparelho burocrático à disposição, em última análise, de mecanismos de controle social – caros ao sistema capitalista de produção. Em “Eros e Civilização”, obra de grande influência nos meios intelectuais e escrita em 1955, Herbert Marcuse (1898-1979) aponta certa “tirania da razão” (1968:166) que arrebataria as consciências individuais, transformando-as em meras engrenagens de um sistema macro-social considerado opressivo e perverso. Aqui, a burocracia é vista como o meio pelo qual o “sistema” mantém os indivíduos dóceis e domesticados, voltados estritamente para a produção de coisas e, nesse sentido, alheios a si mesmos (alienação) (ver também Marcuse,1968-A). Outro exemplo encontra-se na obra de Leon Trotsky (1879-1940).
(.)
Nesse contexto, a rigidez burocrática é administrada a favor de determinados interesses pessoais, uma espécie de mecanismo de defesa contra um sistema paradoxalmente impessoal e complexo. Por isso, o que está normalmente em jogo é um “indivíduo relacional”, e não um mero compromisso cego com a produção e maximização dos resultados, como desejam os burocratas. Além disso, a rotina de produção é encarada como uma dinâmica desprovida de componentes ideológicos que, na perspectiva dos técnicos, contaminariam o processo produtivo.
No entanto, se a burocratização constitui uma espécie de defesa do indivíduo contra um sistema social e político considerado demasiadamente complexo – no qual a consciência individual sobre a vida social produziria uma redução nos níveis de sociabilidade nas tarefas a serem executadas no trabalho –, podemos concluir que há importante tendência contrária às negociações necessárias para a implementação das políticas públicas (e dos projetos governamentais de maneira geral). Em primeiro lugar, porque oespecialista que ocupa um cargo na administração considera que ninguém mais do que ele é capaz de resolver os problemas surgidos em suas atividades (Blau,1967). Aliás, podemos observar que Immanuel Kant [1724-1804] antecipara tal questão em seu artigo “O que é Esclarecimento” (REA, 2003: n.31). Em segundo lugar, o próprio Weber traz outra dimensão do fenômeno que, a seu ver, interferiria no padrão das relações sociais vigentes no moderno mundo do trabalho: em sua perspectiva, a impessoalidade de tal sistema produziria uma atitude formalista, sem paixão e entusiasmo diante da organização do trabalho. O resultado disso seria o baixo nível de interação social entre os participantes do “jogo” da administração dos recursos e das propostas a serem implementadas por determinado organismo (público ou privado)
Após aquela voga maoista contestadora que ''agitou'' a França em 1968, sobreveio o ''estado de graça'' do mercado e, logo, a ''transubstanciação'' do sistema financeiro. Após a Grande Renúncia comunista ao nirvana capitalista, o êxtase místico do lucro infinito. Até ontem o clima nas cabeças dos homenzinhos gregários estava como nunca para a ''utopia'', mas hoje se arrasta na cama de faquir do pragmatismo e do realismo administrativo. Correlativamente à promoção ideológica da concorrência econômica, assistiu-se então à reabilitação dos valores individualistas competitivos. E enquanto a ambição, o esforço próprio e o poder corruptor do dinheiro eram promovidos, proclamava-se a morte espiritual de Sartre, Althusser e seus miquinhos amestrados. Denunciava-se o feminismo como um baboso refluxo pré-escolar de uma esquerda cada vez mais amolecida e sujeita à ''ideologia pedagógica'' (risos). Decretada, finalmente, a morte cerebral de todo o entusiasmo pela ''comunidade educativa'' e pelas ''velhos tempos que não voltam mais'' , era chegada a horado saber técnico, da instrução processual, da autoridade espiritual do Mestre Tecnocrático, do ''elitismo republicano''. O mérito, a excelência, a competência individual e outras fantasmagorias teóricas, jamais comprovadas na prática , prevaleciam em todos os discursos políticos; após a euforia contracultural e relacional, o pêndulo político acertava-se globalmente com a meia-noite da eficácia econômica e dos balanços contábeis como prova da existência de Deus. A ''reputação sólida'' do homem comum tomava de assalto o brilho do ''herói nacional''. A reputação sólida dos políticos ,dentro da democracia representativa, tornou-se desde então algo da mais extrema utilidade eleitoral; justamente ali onde a sociedade de massas estava mais dominada pelos instintos de rebanho, o mais conveniente para o ''animal político'' profissional era apresentar seu caráter e sua profissão como algo imutável ----- mesmo que, ''basicamente'', não o fosse de jeito nenhum. ----- VEJAM (!) PODEMOS CONFIAR NELE (!) É SEMPRE O MESMO (!) ------, pensavam todos. Hélas ! Eis o mais significativo elogio que valia então, em todas as situações perigosas da democracia. Com a mais ingênua das satisfações, o povo era levado a sentir que possuía nesses ''homens de reputação sólida'' ferramentas confiáveis sempre disponíveis na ''virtude'' de um , nas ''ambições'' de outro, ''no pensamento e nas paixões '' de um terceiro ------ o povo aprendera então a respeitar imediatamente, e com todas as honras, essa ''natureza de ferramenta'' dos liberais, a permanente fidelidade a si mesmos, a imutabilidade de suas opiniões e programas políticos, o empenho e até mesmo os vícios mais nítidos da austeridade reformista eram festejados como algo ''sólido'' e infalível. Esse tipo de avaliação realmente floresceu no mundo inteiro até o clímax neoliberal do Reino Unido e dos Estados Unidos, a ''moral de ocasião'' do liberalismo se apropriou violentamente das ''reputações sólidas'' usando a mídia e infiltrando-se no Estado de todas as formas possíveis e imagináveis, para levar ao mais completo descrédito qualquer ''visão política'' alternativa, capaz de propor adaptações e novas condições de transformação da sociedade e das práticas administrativas. Mas como qualquer pessoa minimamente instruída sobre a história política dos últimos dois séculos sabe, a última vaga liberal está longe de poder impor-se à uma inteligência lúcida sem discordâncias. Por maior que tenham sido as vantagens políticas e econômicas colhidas por esse tipo de pensamento, ele mostrou-se a forma mais prejudicial de avaliação geral para as nações ocidentais, assim como, em outro plano, para a cultura e o conhecimento , representando uma forma de colonização industrial da soberania dos indivíduos ainda mais vasta que as anteriores. Se há ainda hoje , e incontestavelmente , uma grande aprovação da empresa privada e da menor, ou mesmo da mínima participação do Estado na economia e outros setores da sociedade, isso de modo algum impede o corpo social, mesmo na América, de ser favorável aos sistemas de proteção social, às políticas sociais instaladas no quadro do Estado-Providência . Há desafeição em relação ao intervencionismo estatal em matéria econômica sem que isso destrua o apego coletivo à cobertura dos grandes riscos. Celebra-se o dinamismo empresarial, hoje , mesmo quando ele só vai de mal a pior, acontecendo muitas vezes de se transformarem os credos liberais numa daquelas crenças africanas primitivas que fazem os huris ficarem implorando histericamente para que alguma chuva caia do céu. A moral de ocasião liberal, obviamente, possui seu ''exército de extremistas fanáticos'', mas socialmente , hoje, ela só é ainda capaz de avançar ''pisando em ovos ', pois não é nisso que o povo está depositando suas esperanças. Claramente não o é...
K.M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário