quinta-feira, 2 de agosto de 2018

VINTE E OITO BAIONETADAS

Por quatro semanas
surfei de ressaca
nos quiosques da praia,
olhando um sinal no chão.
Era noite, e como um desocupado
havia inventado aquela história.
Todos acreditaram nela, temendo
uma nova ruptura e, casualmente,
o meu silêncio de Logos doido
repetindo o motor das motos
no corpo da própria cabeça.
Apostou-se tudo por uma ilha verde
em ícones tranquilos e homens vistosos
de razão científica, admirando  beldades ruivas
e esplêndidas mansões de capital.
''Sabes que no mar não se afogarão
e que da luta emergirão sãos e salvos?'',
diziam... De fato, naquela noite
nem o mar nem o combate assustavam
as novas canções; elas arranhavam com mais força,
e ainda mais rápido, sobre a cama,
o coração selvagem que arrancava
de repente (e daí?) rumO à interrogação final:
''Poderás ainda erguer-te
sob as vinte e oito baionetadas
e os cinco buracos de bala
na sua camisa nova?''.
A terra russa gostou de ouvir
aquele SIM.

K.M.

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