O encontro com o Comendador
foi na casa do Presidente que
respira blindado contra seu muro:
as próprias palavras dele relatavam
que estávamos num ''espaço novo'',
fora do tempo, e do sangue nas paredes
de gente que corre fugindo de gente.
E é útil recordar aqui, que em seus cristias de gelo
o ''agora liberal da mídia'' estava
germinando no ''antes conservador da história'',
para poder quitar suas dívidas com a Justiça.
Pedaços de ''antes conservadores clássicos''
aprendendo seu ''morse'' de improviso
na tontura integral do ''agora''.
Viera da Rússia recentemente,
procurando não se enredar em fervores
de prazo fixo, ou naquelas tramas
em que se ignora a proverbial urgência.
Era de se esperar, ao menos
algum Dragão inquietado por isto?
Não: o olvido invadia tudo
nas soluções de continuidade, profetizando
tíbias contra-senhas ao longo do caminho.
O tempo todo, no ar enregelado do Casarão,
pairava um rumor incompreensível,
que nos advertia da gravidade da situação.
Eu escrevia poemas lascivos e ameaçadores
diante do espelho, na Galeria Kamerônaia,
em que meu sorriso de vítima
obrigava os Nove a virem rever-me
a todo minuto, para desmentir-me.
De fato, toda a imprensa estangeira
destacava meu rasgo sacrificial
IRONICAMENTE
dizendo que era possível encontrar um tal mártir
pontualmente às seis, instalado na cervejaria
com todas as suas vocações rentáveis
espionando as finanças do mundo
com uma sensibilidade expeditiva
absolutamente repugnante.
Inevitáveis zonas de presságio
que lambiam lealmente os restos de silêncio
em cada partícula de mundo
dispersa nos guardanapos.
Pairando, numa vertigem,
acima das torres de petróleo,
das missões de espionagem
e das mutações de onda curta
que vinham molestar
nosso triunfo em desordem.
K.M
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