sexta-feira, 24 de agosto de 2018

POETA: OURIÇO-AUTOESPINHOSO, CLOWN.

Le traitement est fait: o curioso otimismo
do momento, sabe a razão de sua cor,
e pelas verdes luzes, os olhos do abismo
chegaram rapidamente ao bom -humor.
Ao amor decantado ''com o o olho'' e
a urgência inconsolável do pecado.
Há muito o que epilogar neste retorno
ao assombro da liberdade, malgrado
as vaias na cara, riu-se muito: até babar.
O agente secreto ficou nervoso, e no ar,
o agente nervoso, secreto, quis ensinar
à algum apócrifo bom-samaritano
que ele era melhor, apesar de latino-americano.
Nas vigílias do ser oficioso, de plantão,
pesam a razão e o risco, e um riso idiota
no seu ar de inteligente, aumenta a combustão
dos diálogos inconclusos, forçando as portas
das perguntas nunca ditas, em que vão
assediá-lo, com notícias, a faca das respostas.
Nojenta obsessão pela verdade, pisando o calo
(ouriço-autoespinhoso) do poeta amordaçado.
Sua cara de insônia é a testemunha ocular
de que sua seriedade, de clown, pode ajudar.
Tu ris! --- Rien --- Je parle sous moi...
et sans savoir si je parle on hindou.
A gruta clama por ecos organizados, crus,
enquanto pendulo por todos os lados.


Da raiva, sob algum risco, emerge a esperança
temporariamente humanizada. A benção avança
ainda úmida de medo, até a hora da aprovação.
A sensação de vida triunfante enche a pança e
com sopros contingentes, engana até o coração.


K.M.

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