quinta-feira, 23 de agosto de 2018

QUESTÃO DE EXPECTATIVAS...

Ótima a pressão arterial, caindo
no coração, que agora está correto.
O corpo tem vida o suficiente
para prolongar seu erro no deserto.
O débito com Deus o álcool resolve,
enquanto o lado inflamado
do cérebro, de súbito se move e,
insistentemente, golpeia com cuidado
cada mínima constatação delas...
Meu amor foi incômodo, mas exato:
enfeitou de vôo todas as quedas
dos beneficiários da loucura. Helás!,
que eficácia elegante, a da imobilidade,
essa certeza pessimista de coisas sem idade.
Depois, a noite repleta de portas inseguras,
a certeza de perdição analítica, corrupta,
despertando na cama de todas as putas.
Ocidentalmente sozinho, volto à normalidade
falando apenas de objetos, para que ninguém
saia ferido, esquartejado por idéias de maldade.
Deixo em paz minha lucidez, e sem um vintém
minha credulidade. Adormeço dentro da morte
agarrado ao cosmos por um mortífero fiapo;
minha consciência não tem sala de bate-papo
e a arma do plasma endurecido é forte:
transforma o cérebro num estado de sítio,
num insólito SALVE-SE, num incálido SUMA-SE
dentro da arte. É uma questão de expectativas...
tão acostumado a viver em apuros, sabe-se
que a bola da festa explodirá na sua cara
de repente, antes do vislumbre das alternativas.


K.M.

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