Na ordem direta, como
as jornalistas, digo logo
o que vai acontecer:
a poesia mudará de mão
e se tornará menos descritiva.
A veia lírica, agora,
será minha nuvem fugitiva
(bússula e chão das vias íntimas).
Mas não me irrite: a mídia
me espera, apreensiva, na sala VIP e
ai de mim se tudo corresse
tão bem , que meus músculos
aprodecessem de não terem
a que resistir. Em perigo
me mostro mais verdadeiro,
e agora há mais ameças que nuvens
encharcando o galinheiro.
Todos mantêm-me no limbo,
sugando as veias do meu destino.
E eu mantenho a atitude suspeita
do saqueador, sempre na espreita
da arrogância executiva, dos que mandam
na mata, na meta dos que amam
vender tudo a troco de nada,
carregados como rifles de emboscada.
Seus dodges de luxo estão recheados
de olhos de bebês africanos: única carne
que hoje têm para vender, ''por fora'',
nos portões dos fundos da História.
A raiva dos séculos parece ter
enferrujados seus olhos, e sua memória
com a visão aplastadora da Hidra,
esta bolha cada vez mais incandescente
que não clama pela respiração artificial,
amealhada, sub-contratada do jornal.
Este poder, o quarto na escala do fiat
que dissimuladamente interrompre você
só quer o mal da Hidra. E POR QUÊ?
Por que quanto mais lhe batem na cabeça,
mais ela se multiplica, mais espessa,
como um homem espancado na multidão.
E tantos homens nasciam daquela AÇÃO,
daquele homem de aço, rindo no chão,
que os carrascos tombavam aflitos,
cansados de espancar o erudito metal
que só despedaçam na imaginação.
O espetáculo aterrador não tinha limites,
de círculo em círculo, o espinhaço
daquele homem renascia mais armado,
ferindo a quem quer que fosse, ao seu lado,
com a violência dos seus estilhaços.
K.M.
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