mas infinitamente ampliada na aparência
por um gigantesco sucesso de audiência.
Por isso, o inimigo que nos vigia de perto
perdeu toda a imaginação, e seus corruptólogos
penam para decifrar meu coração, e um certo
inferno artesanal, político, da soberba monopólica
de que me acusam: glória inascessível, histórica,
do cão de guarda que dá voltas nas bibliotecas,
enlouquecido entre as estantes, farejando bucetas
até nas ruínas espermáticas da audiência alheia.
UM CAVALO, ESSA CÃO! , dentadura que semeia
um mundo digno de seguir mastigando, devagarinho,
todo o império da audiência midiática sozinho.
Certamente, esse cão teve que desenvolver seu riso
até os limites mais intoleráveis da própria libido;
e a madrugar, e andar solitariamente nas areias,
inventando minuciosos contra-cantos para as sereias.
Tornou-se um cavalo desobediente, de má vontade,
que come mulheres em locomotivas, em alta velocidade,
se desprendendo delas por um buraco na testa
quando a noite acaba, e, sem piedade, ele sai da festa
vomitando tudo o que comeu temerariamente.
A propósito, é ele quem a esse mundo governa:
transforma o amor numa culpa, e sempre mente
com os punhos cerrados, toda vez que hiberna
para tornar seu poder ainda mais concentrado.
É um expediente austero, de cinzas espontâneas,
destinado a dominar a economia mundial instantanea-
mente, como se ela fosse uma maldição próxima.
''É apenas'', nos diz ele '' um duro freio da História'',
para que os papas da mídia especializada, essa escória,
voltem à sua condição natural de estátuas esquecidas.
Desagradava ouvir aquele homem-cão, cavalo herbicida,
relinchar latindo suas insolentes exigências à mídia.
Exigia anistia imediata, e amor às suas contradições, e
desesperados privilégios para sua máquina de coações
sexuais, nas mais glamourosas esquinas de carne e osso.
Olhava, rindo, o mundo transcorrer num alvoroço
sangrento e repulsivo, sonhando sombriamente confundir
ainda mais os outros. Tinha ânimo tântrico, de faquir, e
uma inesgotável potência, dentro do peito, para ferir
qualquer orgulho humano de morte. Assim ele puteava
totalmente a própria vida entre quatro paredes, e gostava
de pensar nos grandes nomes da Arte, e que o que fazia
não precisava de nenhum perdão... era a mais pura Poesia!
K.M.
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