terça-feira, 21 de agosto de 2018

UM ECO DE NÃO QUASE VAMPIRO


Agora ela sente um leve terremoto
nas variáveis superfícies da vida.
Seus lábios zumbem de presságios,
se animalizam na derme das palavras
em que bailam os mésons da noite,
no semblante do mundo. Além
da coisa em si eu circulo, TREM-BALA
tatuado de sonhos e cáculos, em apuros
de caça com radar, para morrer um pouco
e renascer em seguida, com um relincho
que defende sua alegria como uma trincheira
sonâmbula, das doces infâmias, de graves
prognósticos e da ausência transitória
que condensa a figuração das coisas.
O touro da caverna (ai resistência!)
liberta as ações do peso da História,
neutralizando o traço de cada gesto
com um eco de NÃO quase vampiro
ativando as glândulas do seu otimismo.
O resto está deixando muito a desejar
no latido geral da vida. Ela sabe
algo sobre o que está morrendo,
mas pouco do que está nascendo:
sórdida guerra fria contra  o Fogo
propenso à aventura da querência.
Nem aguaceiro radioativo, nem
o naufrágio ideológico do duelo
levam ao triunfo ou ao desastre,
mas a disjuntiva nos toca... Sobra
melaço nos olhos que apalpam,
nos lábios que vem traços
de notícias ruins animadoras
recuarem à meia-bomba
do meio da injustiçada  flora.

K.M.

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