a estrada, muito estreita, vive parindo suas
ovelhas e cabras ofegantes nas ruas;
de vez em quando, algum desavisado erra
o prognóstico noturno, e eu aumento
as ações preferenciais para o Lado Esquerdo
sorrindo loucamente, em detrimento
de quem perde o lume muito cedo...
Na mesa, olho meus livros com gulodice.
Mon souvenir --- Rien --- Cést ma trace.
Mon présent, c´est tout ce qui passe
nos futuros, alternativas de ''amenace''
e sementes goradas... meu pensamento esfria
sua confiança no medo, e assim adia
um pouco o efeito de sua agonia.
Antes esporra sangue para dentro, nas veias
do grande orgão ereto, cuspindo teias
de imagens sonâmbulas nas sereias
que soltam a carne no limbo, meia-noite e meia.
O coração da glande, exaltado, preferiria,
no entanto, seguir o fio da carne sombria
correndo até seus mais remotos começos:
na festa das amplas roupagens do deserto
astral, onde elas são como bebês num berço,
contorcendo as ancas até mudar de aspecto
sob a mão faminta e magistral de Satanás.
Na lona do acampamento, nem um passo atrás
antes da cruz loira do jornal da manhã...
Reza-se um terço sexual de febre tersã
às pressas, pois a noite é muito curta
para confiar em forças mudas, ou na permuta
de estratégias terminais com o Amor.
Melhor olhar calado para a cama: a cor
do corpo dela lutando contra as sombras
que, depois, farão o poema crescer, como tromba
para baixo na linha incendiada da coluna,
com grandes e aceleradas hélices de prata
sobrecarregando os nervos de pirata.
Entre todas as da noite, deveria ter escolhido uma
para chamar de minha. Mas as sombras nem ao menos
esperam elas fecharem as pernas, já compõem
um novo cenário devasso. Quando põem
elas de quatro, na última corda do balanço,
percebe-se que se está perdido no Norte:
o SOL segue jogando sua rede tarifária
na superfície saqueada da morte.
Absorvida no cotidiano, a luz do dia vem
(temerária) ferir os olhos da sorte:
na minha cama não há ninguém...
K.M.
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