O terreno da batalha está desocupado?
Não: nenhum monstro de vinte andares
esmagou aindas as patas das rãs, nem
houve vitória do pequeno sobre o muito.
Minha timidez agora suplica infantilmente,
tão logo ouvida como desdenhada.
Minha hipócrita classe de carros caros
e sorrisos diplomados, minha desapontada
legião de ''chefinhos bravos'', minha dialética desperdiçada
estão finalmente sós, entre os fortes riscos do NADA.
Disfarço de mim mesmo este núcleo monstruoso
em que sobrevivo, para não ter que condenar
tua salada verde. Olho de frente: a vontade de poder
não cede um milímetro de luz
às ameaças nascentes, aos cumplices da claridade
nas notícias dos erros cometidos. Um cavalo
relincha, galopando doidamente, sob a última
pressão bancária do dia: ela é judiciária
e tinge o espaço oval dos Diretores Financeiros
enquanto uma carta deslembrada do poeta
masturba-se de tudo na contra-corrente.
Noturno e ambíguo sorriso sem rumo,
pedindo verbas, propondo convênios midiáticos
e demitindo pessoas dos novos expedientes
em que a alma, como uma víbora calma,
coleia na pele dos rostos.
K.M.
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