na engrenagem noturna, carreando
suas exalações de substâncias...
O que era nojo agora a faz sorrir
humildemente, do oitavo piso
do meu terceiro exílio voluntário.
Eu a vejo imóvel na cama, exigente
e memoriosa, dando seu itinerário
à um fantasma mudo, que abusa
de seus silêncios regulamentares.
O velho mercado ao Norte, à noite
me empresta uma cama excessiva,
onde as tréguas dela me convidam
a fazer juízos carnais à queima-roupa:
''Boy do teu sistema de comunicações,
descreio do frágil coração humano
mas faço cálculos para frear meu escárnio''
A lesma das memórias de mil corpos
que abrigo entre meus tabiques de comércio
tornar-se-á apenas um caminho até ti,
ao febril reconhecimento dos meus dedos
que atravessam paredes na corrente astral.
Minha transformação interna privará a notícia
dos sabores do amor, até que os lábios das mulheres
encontrem outro tipo de vida nos meus olhos.
Truque de rancores prontos e alegre rigor
das vértebras em chamas, para onde a esperança
retorna como filho pródigo, tântrico robô
de puro olfato, farejando o país do tato
palmo a palmo nela, extraindo de suas narinas
o artefato da convicção: núcleo capital do amor,
essa obrigação gratuita, em que a calma se disfarça de dor
só para impressioná-la com seu ego de ator.
K.M.
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