a mais mínima palavra
por amor à arte, quando
derrubei desastrado o pote.
Apenas um período de testes,
e eu já estava liquidado.
Últimas voltas no deserto privado
sob um céu sem acontecimentos.
Eu havia perdido a luta
contra as coisas-fofas,
que haviam subestimado meu fogo.
''Queremos motivos mais razoáveis
que o incêndio'', elas diziam
''Nos deixe dormir em paz!''.
Uma porção absurda de mim
sobrava no espetáculo, sem jeito,
a endurecer-se no automóvel
que delimitava meus sentidos.
As coisas me faltavam, enquanto
a infâmia lambia os beiços.
O ruído dos caminhões na tempestade
me tornava um cavalo assustado
na beira da estrada, engasgado
com a própria saliva, os dentes quebrados.
''Talvez esperemos do outro lado''
continuavam elas ''...o alarme rústico
do teu veredicto: o sinal fotosférico
do farol, ou o ruído especulativo
de alguém correndo até vomitar''.
K.M.
Sem título
Por justaposição, montagem,
eu hauria os processos
de estabilização de esgotos
''correndo'' a céu aberto
contra o clarão das notícias.
Atravessando a História,
o VERBO começava das AÇÕES,
que eram ''jogadas em mora'',
cultivadas, pari passu, na fusão
de inúmeros restos de sensações
e fenômenos políticos paralizados.
Os ventos, ao meu canto, emprestavam
a ARTE DO BEIJA-FLOR:
de sugar o néctar da coluna
da rosa perdida em Marte.
Selênico rompido à meia-noite
espalhando grãos de urânio
nas paredes latejantes do crânio.
Mais um sinal: as perguntas decisivas
da Musa, depois, me esmagavam.
Em close-up, pela brecha da fechadura
eu reaparecia o tempo inteiro
calado, como convinha à ''audiência''.
Rosa só parcialmente raptada
ao fim de uma noite inteiramente reta,
de cujo sono corrido só restou o TREM
em alta velocidade, e sua salivação
(psicológica? NÃO NÃO NÃO...
K.M.
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