sexta-feira, 3 de agosto de 2018

O GELO DA LIBERDADE

A LUZ ainda flui sobre nós
lentamente, com seu dom silencioso.
Às suas lisonjas cedo, à elas
dedicarei minhas canções.
Peregrinos infestam o pão estrangeiro
de nossa juventude, e sabemos que
o acerto final com eles estará justificado
por gente mais simples
e mais orgulhosa do que NÓS...
Perguntado a mim: ''Foste tu quem a Dante
ditou as páginas do Paraíso?''.
E eu: ''Sim, fui eu''.
O que era espontâneo, naquele momento,
era bem mais fácil de lidar
do que com o espelho. Timidamente
a cúpula verde-claro batalhava
por seus vencedores, entrechocados
num rodízio de brindes
(Musas e convivas: eis finalmente
o gelo da verdadeira liberdade:
não mais enganos, até o amanhecer,
enquanto flui o riacho das provas
da minha mais perfeita inocência ---
doce sombra de trombetas vitoriosas).
Oh, quão pouco lhes resta
a fazer nesta terra (eu lhes dizia),
além de brincar um pouco com este garoto.
Depois, ''talvez infelizmente'', a China:
um dia alguém me reconheceu lá
como um osso duro de roer.
Mas também foi só.

K.M.

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