domingo, 12 de agosto de 2018

INCESTO

Epígrafe

''Começo a ver no escuro
um novo tom
de escuro''

C.D.A., Ciência, de
A Vida Passado a Limpo


Monto minha geografia metafísica
com as especulações dos homens,
sem perder de vista os nomes
que acrescentam peso morto à ação.
A cada passo eu masco o valor
de suas medidas, brincando
de estar deles perto ou longe.
Sorvo meu próprio sono para
campear outra forma de existir,
farejando com a mão em doidos horizontes.
Certo é que vivo oculto
em minha própria fronte, entupida
da minha coleção de segredos.
O punhal de prata me força à isto,
compensando-me pelo mal de ser homem,
pondo-me na alma algo que a destrói.
Sabe o DemônIo? QUE MILAGRE! QUE SOMBRA!
Ele existe, postado em frente de casas inabitáveis
de onde não desembarcará nunca.
''Metade sombra ou todo sombra?
Tuas relações com a LUZ...
como se tecem? Amarias talvez?''.
Não sei, mas estou sempre inspecionando
as nuvens e a direção dos ciclones, como o poeta.
Certo é que meu reino comanda de perto
poças consideráveis de solidão mágica;
inflexivelmente, sempre pressentindo
na tarja sanguínea a irromper,
UM NOVO ESCÂNDALO NOTURNO,
denunciando as diferentes espécies de treva
em que os objetos do meu amor se elaboram.
Tão engraçada aquela: não sinistra, mas meiga
como uma nuvem que se afasta, calmamente,
abrindo um portulano malicioso entre meus olhos,
onde galopam afoitas minhas sombras.
Totalmente orgulhosa do solo humano
em que pisa em seu despojamento:
claro raio ordenador com que se esquiva,
retraindo-se como ausente da ''realidade'',
como se isso fosse possível (risos).
Mas teu gesto paralisou o medo?
Quiseste apenas nossa fidelidade?
Não importa. Tua voz nos consolou
e acalmou nossa crise de hilaridade.
ERAS IRMÃ.

K.M.

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