domingo, 2 de setembro de 2018

APORTE INDESEJADO...

A ousadia de um suspiro de guerra,
metade ainda no peito,  outra metade
no ar, prende o mundo todo no espelho,
e brandamente alisa-lhe a imagem
cinza (cor dos fundos neutros de Mondrian),
onde não há nenhuma mensagem subliminar
entre os segredos de Estado invioláveis.
No escuro, um zumbido gigantesco
cristaliza o sono, com sua neblina própria
apurando a imagem ao contato dos olhos:
violando todos os céus, um avião leva para Teerã
TODA A AMIZADE DO MUNDO, mas esmagada
por um bloco de 88 indiferenças cruéis;
sobrevoa perigosamente
uma área de juízes e fiscais
desumanizados, tramando assasinatos políticos
no rumor de suas nervuras e, assim,
de espantalho em espantalho,
a multiplicidade dispersa,
com as unhas partidas,
vai reunindo suas eletrobombas em serviço
numa caçada noturna de obscuro desenlace,
zoando em meio dos possantes motores
da tocaia, por um canal de desespero e insônia.
E ainda se incorpora ao ZOOM compacto
as bordas ameaçadoras de algo ignorado,
agravando a lenta maturidade desta sabedoria
com uma coleção completa de paranóias navais
que assomam ao precipício da imobilidade
PRONTAMENTE, fazendo o mundo vibrar
sua Balança Comercial num
ângulo de ataque imutável,
com interesses de leão ensanguentado
para cada mercado interno em apuros.
Dúvidas profissionais sabatinando
pré-confianças amestradas, com preocupações
que consomem a bílis de todo um trimestre
em cinco minutos de espaço oval,
simplesmente respirando ---
sem necessidade de fungar
as coisas secretas dos adversários
ou oxigenar as próprias alucinações
usando o espelho como estratégia.

K.M.


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