terça-feira, 25 de setembro de 2018

ROBÓTICA

Eu noto a antiga contradição 
dos amantes na pele, quando amo.
Quando uma mulher diz: ''Todo
meu corpo é coração'', é porque
todo seu corpo é coração; e se
cada um conhecesse o que tem
com tanta claridade quanto
conhece o que lhe falta,
poderia agarrar com força
aquilo que ama (terna e frágil)...
e prometer à ela ainda mais
amenidades, palpitações poéticas
e volúpia encrenqueira, no ato da caça.
A verdadeira elegância da vida
só se arrepia lá dentro, ''desajeitada''.
Certo: ''elegância desajeitada''.
Digo: sem pose de anúncio
de marca de cigarro, rasgando
nossa fúria nervosa de agradá-la.
Tão fracasso novo, tão ânsia
de dizer e medo de estragar tudo
transformando o robô do coração
numa motosserra raivosa, lutando
contra si mesma, que dá vontade 
de desligar e ligar o ''troço''
dezesseis vezes antes de continuar.
Mas a alegria para a colheita
com o Karma, sorriso a sorriso;
e no templo altivo, agarrando-se
aos fios elétricos, desencapados,
de um sono que desfiou-se em
contemplação mística da noite.
O vento que me dera o direito 
de boliná-la, continuava soprando 
contra o mundo, enlouquecido...

K.M.

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