quarta-feira, 19 de setembro de 2018

O MAGO DA ELETRICIDADE



Kalki Maitreya
O Mago da Eletricidade
Thomas Edison nasceu em Milan, Ohio, em mil oitocentos e quarenta e sete;
Milan era uma cidadezinha às margens do rio Huron que por algum tempo tinha sido o porto de embarque do trigo para toda a Reserva Oeste; as ferrovias se apoderaram do comércio de transporte, e a família Edison subiu para Port Huron, no Michigan, para crescer com o país;
o pai dele era um telheiro que se dedicava a pequenas especulações; negociava com grãos, alimentos e madeira, e construiu uma torre de madeira de trinta metros de altura; os turistas e excursionistas pagavam vinte e cinco centavos cada para subir na torre e olhar a vista sobre o lago Huron e o rio St. Clair, e Sam Edison tornou-se um sólido e respeitável cidadão de Port Huron.
Thomas Edison frequentou a escola durante apenas três meses, porque o professor achou que ele não era muito inteligente. A mãe ensinou-lhe o que sabia em casa e lia autores do século dezoito com ele, Gibbon e Hume e Newton, e deixou-o montar um laboratório no porão.
Sempre que ele lia sobre alguma coisa, descia ao porão e experimentava.
Quando tinha doze anos, precisou de dinheiro para comprar livros e produtos químicos; conseguiu uma concessão como distribuidor de jornais no trem diário de Detroit a Port Huron. Em Detroit havia uma biblioteca pública e ele lia lá.
Montou um laboratório no trem e sempre que lia alguma coisa, experimentava-a. Montou uma impressora e imprimiu um jornal chamado The Herald, quando a Guerra Civil estourou organizou uma agência de notícias e faturou as grandes batalhas. Então, deixou cair uma barra de fósforo e pôs fogo no vagão e foi jogado fora do trem.
A essa altura, gozava de considerável fama no país como o garoto editor do primeiro jornal a ser publicado num trem em movimento. O Times de Londres contratou-o.
Ele aprendeu telegrafia e arranjou um emprego como operador noturno em Stranford Junction, no Canadá, mas um dia deixou um trem de carga passar por um desvio e teve de ir andando.
(Durante a Guerra Civil, um homem que soubesse telegrafia podia arranjar um emprego em qualquer parte.)
Edison viajou pelo país pegando empregos e largando-os e indo em frente, lendo todos os livros nos quais punha as mãos; sempre que lia sobre uma experiência científica, experimentava-a, sempre que podia se aproximar de uma máquina mexia nela, sempre que o deixavam só numa agência telegráfica, fazia alguma coisa com os fios. Isso frequentemente custava-lhe os empregos e ele tinha de ir em frente.
Foi operador itinerante por todo o Meio Oeste: Detroit, Cincinnati, Indianapolis, Louisville, Nova Orleans, sempre duro, as roupas sujas de produtos químicos, sempre experimentando alguma coisa com o telégrafo.
Trabalhou para a Western Union em Boston.
Em Boston, registrou o modelo de sua primeira patente, um registrador de votos automáticos para uso no Congresso, mas ninguém queria um registrador de votos automáticos no Congresso, e Edison fez a viagem a Washington, contraiu algumas dívidas, e foi tudo o que conseguiu com essa invenção; fabricou um registrador de ações e alarmes contra ladrões e queimou toda a pele do rosto com ácido nítrico.
Mas Nova York já era o grande mercado de ações e ídéias e ouro e cédulas verdes.
Quando Edison foi para Nova York estava duro e tinha dívidas em Boston e Rochester. Isso foi quando o ouro andava nas alturas e Jay Gould tentava apoderar-se desse mercado. Wall Street estava louca. Um sujeito chamado Law montara um indicador elétrico (invenção de Callahan) que mostrava o preço do ouro nos escritorios dos corretores. Edison, em busca de um emprego, duro e sem ter para onde ir, rondava o escritório central e passava o tempo com os operadores, quando o transmissor geral parou com um estrondo no meio de um dia agitado de negócios nervosos; todo mundo no escritório perdeu a cabeça. Edison interveio, consertou a máquina e arranjou um emprego de trezentos dólares por mês.
Em sessenta e nove, o ano da Sexta-Feira Negra, ele abriu uma firma de engenharia com um sujeito chamado Pope.
Daí em diante, estava por conta própria; inventou um registrador de ações e vendeu-o. Tinha uma loja de máquinas e um laboratório; sempre que pensava numa geringonça, experimentava-a. Faturou quarenta mil dólares com o Registrador de Ações Universal.
Em Newark trabalhou com Sholes na primeira máquina de escrever, e inventou o mimeógrafo, o reostato a carvão, o microtaxímetro e fez o primeiro papel parafinado.
Preocupava-se com uma coisa que chamava de ''força etérica''; quebrou a cabeça um bocado com ela, mas foi Marconi quem faturou as ondas hertzianas. O rádio ia despedaçar o antigo universo. O rádio ia matar o velho Deus euclidiano, mas Edison jamais foi homem de se preocupar com conceitos filosóficos.
Trabalhava noite e dia mexendo com rodas dentadas e pedaços de fio de cobre e produtos químicos em vidros; sempre que pensava num aparelho, experimentava-o. Fazia as coisas funcionarem. Não era um matemático. Posso contratar matemáticos, mas os matemáticos não podem me contratar, dizia.
Em mil oitocentos e setenta e seis mudou-se para Menlo Park, onde inventou o transmissor de carvão que fez do telefone uma proposta comercial, que tornou possível o microfone
trabalhava dia e noite e produziu
o fonógrafo
a lâmpada elétrica incandescente
e sistemas de geração, distribuição, regulação e medição da corrente elétrica, bocais, interruptores, isolantes, bueiros. Edison criou os primeiros sistemas de luz elétrica usando a corrente direta e lâmpada de pequena unidade e arco múltiplo que foram instaladas em Londres Paris Nova york e Sunbury Pennsylvnia
o sistema trifásico
o separador magnético de minério
a ferrovia elétrica
Mantinha ocupado o pessoal do Cartório de Patentes , entrando com patentes e requerimentos a todo instante.
Para encontrar um filamento para sua lâmpada elétrica que fosse uma boa proposta comercial, experimentou todo tipo de papel e pano,cordão, linha de pescar, fibra, celulóide, compensado, casca de coco, abeto, nogueira, loureiro, madeira-rosa, madeira podre, cortiça, linho, bambu e o fio de barba ruiva de um escocês;
sempre que tinha um palpite, experimentava-o.
Em mil oitocentos e oitenta e sete mudou-se para os enormes laboratórios em West Orange.
Inventou trituradores de rochas e o fluoroscópio e o filme em bobina para câmaras de cinema e a bateria alcalina e o longo forno para a queima do cimento de Portland e o cinetofone que foi o primeiro filme falado e a casa de cimento armado que proporciona lares baratos artísticos idênticos higiênicos para os trabalhadores na era da eletricidade.
Thomas A. Edison aos oitenta e dois anos trabalhava dezesseis horas por dia usando apenas a imaginação para inventar coisas;
nunca se preocupou com matemética ou o sistema de valorização social ou conceitos filosóficos generalizados;
em colaboração com Henry Ford e Harvey Firestone que também nunca se preocuparam com matemática ou o sistema de valorização social ou conceitos filosóficos generalizados;
trabalhava dezesseis horas por dia tentando descobrir um substituto para a borracha; sempre que lia sobre alguma coisa, experimentava-a; sempre que tinha um palpite, ia para o laboratório e experimentava-o.

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