Que arsenal estranho enterrei aqui
pensando na carona que a morte
sempre dá a quem foge com método.
Dois sanguinhos numa bacia grande,
que terá de peso 27 arrobas.
Menos reverenciado que inquirido,
do par liberado, SEMPRE
SÓ, acelerando motos com a cabeça
para agarrar-se à única veia
válida da consciência...
numa transfusão que transforma
gelo em brasa, num minuto.
Enquanto computadores vorazes
pulsam no centro do olhar
suas microbiografias mundiais,
seduzindo tanto quanto
partículas de pó invisíveis
debaixo da unha, no escuro.
Na dignidade da postura paralítica,
o Purusha inspeciona a própria virilidade
com o egoísmo de uma farra final ----
fazendo crescerem seios apressados
e arabescos em forma de mulher
na balança onipotente onde
o mundo se deita para fluir.
Em seu discurso, tantraliza
a radiação cósmica de fundo,
pingando nela o suborno
de sua primorosa renúncia .
É assim que ele doma Deus:
trabalhando sua bela Sombra
nos mil olhos da Luz,
INCANSAVELMENTE.
O som de inseto cósmico
tinge cada palavra tentadora
em seu teatro metafísico,
irradiando bolsas de valores
no sétimo raio do sistema.
No centro do mundo, a curiosidade
dos investidores é uma teia
de espelhos variáveis. Uma
letra que se esforça para ser vista
num anúncio turístico ensolarado
entre duas catástrofes.
O deus sem férias não refuga:
cai como uma imensa fruta podre
no meio da luz inimiga, chutando
e pleiteando chaves para tudo,
mínimo ajudante de busca
abusando da buzina da pressa
com um cigarro entre os dentes.
Quando, finalmente, a Mãe
de todas as batalhas propõe
convênios bilionários de paz
e joga barras chocolate
para as crianças, todos
os escorpiões do fundo da terra,
vencidos, sobem à superfície
pelos braços das moças.
Cada um deles é um olho
cheio de veneno represado.
K.M.
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