fora da zona de conforto estagnada
e suportar melhor os relinchos crus
do bebê explodindo de vitalidade
(leal ao momento, entre sombras,
como um chicote parado no ar).
A caneta falhando no meio da página
testa o poeta, acuado por rascunhos.
Rascunha ele a Noite, um conteúdo
secreto da vida ignorada do Eu,
com sua lésbica insistência
se esfregando na vida alheia,
sem nome, à caminho do cinema.
Tão mocinho, quanto vilão sepultado
com cavalo e colt calados na poeira
que o BOI levanta na fila de espera.
Entramos todos na fila de certa senhora
através do fantasma do poeta, mas sem
acesso à sua caixa de ferramentas,
de onde sairão sombras pavorosas
encharcando o labirinto pelos cantos.
Visto de longe, o poeta parece-nos
DESPEDAÇADO. Mas de perto, é um
teletipo batendo seu prefixo na Luz,
mais forte que qualquer outra mão.
E esquentando os motores supersônicos
de seu caça noturno, que estripará
a amnésia dos homens com sua sede.
Sombra molhada de moça cara
extremando-se em seiva de cama,
dando um jeito no lençól vivo
que a desobedece, agarrado à ela,
desabando do rosto enorme da Noite.
Uma forma fuliginosa de príncipe
surgirá na alma da moça, escondida,
como uma marca de dentes.
Ovelha acordando, reclamando leite
adolescente em sua tigela de cereais
enquanto uma moto, à distância,
sacode seu chocalho de cascável.
K.M.
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