domingo, 9 de setembro de 2018

BANCO II


Sempre que me vê falando de NÓS,
ela receia que o poema fale
DEMAIS.Não exatamente de NÓS,
mas daqueles meus atletismos calados
que invadem seu mar noturno.
Mesmo assim, o poema fica orgulhoso:
unha, presa, tensa vontade de potência
em excursão pelo seu úmido país
de alicates delicados. Nada pode
contra a mão e seu ato, esmagando 
os distraídos no caminho da LUZ.
Pudores didáticos (depois) analisarão
as sombras na ferradura do cavalo, 
e pelas portas das ''compras e vendas''
correrá um gozo assustado, e talvez, 
longiquamente ilustrado
na fisionomia do jornal
que o MUNDO HABITA. Mas este
território encravado no jornal,
essa encruzilhada desejante
da LINGUAGEM, não é o mundo,
é o BANCO!, com todas as suas
sedes insondáveis decantadas.
Ele provoca-me em silêncio,
deixando seu Morse de lado
e burilando meus poemas no forno.
Olha-me e decide de longe
sobre esse enxofre de guerra
sopesando ódios na Balança Comercial.
É o SOL forçando a janela do ALBERGUE,
e mais ainda: cintilações de intriga
num clima de clareira vertiginosa
em que se tem que decidir rápido.
Particularmente, ordeno ao BANCO
que marche resoluto, ou se articule
num enervante compasso de espera
positivando até as cercas de arame farpado.
O BANCO (por sua vez) responde
mastigando meus bagos acadêmicos
numa velocidade que faz a TV espumar,
vendo-me assistir o Touro Selvagem,
de Martin Scorcese, enquanto invado
a superintendência dos teus seios
(em alta no mercado de ações
até as seis da manhã...). 

K.M.

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