Outro elemento problemático do estudo de Renan decorreria da sua tentativa de enquadrar a personalidade de Jesus na categoria de "Gênio". Com efeito, Renan apresenta a ideia de que Jesus seria um "Homem de Gênio"(RENAN, 1945, p. 46). Nietzsche contrapõe-se a essa tese renaniana por considerar de forma peremptória que a ideia de "gênio" não condizia com a realidade judaica. Podemos esclarecer essa perspectiva da seguinte maneira: a formação do homem de gênio pressupõe a disposição intrínseca da cultura da qual se faz parte para o florescimento de uma série de elementos que concedam ao indivíduo e ao seu povo a realização de obras intelectuais e artísticas que expressam a singularidade do seu criador. Jesus de forma alguma se encontrava associado aos valores culturais que possibilitam o surgimento do tipo "gênio", pois o Nazareno se expressava através de verdades interiores, não de conceitos lógicos demonstrativos, à maneira de um dialético que pretende persuadir os seus interlocutores através da racionalidade discursiva. Jesus é indiferente ao âmbito da "cultura" estabelecida socialmente, pois a sua vivência espiritual foi adquirida mediante a sua interiorização psico-afetiva, cujo resultado mais evidente consistiu na supressão de toda atividade mental dedutiva.
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