quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O que propõe o General Morin aqui é muito simples.


Segundo Von Bertalanffy (1977), existe uma conotação um tanto "mística" em torno da relação todo-parte, porque "o todo é mais que a soma entre as partes"; porém o próprio autor propõe-se a explicar por que isso ocorre, dizendo que "[...] consiste simplesmente em que as características constitutivas não são explicáveis a partir das características das partes isoladas." Ou seja, ao analisar as partes isoladas, ter-se-á a impressão de que são novas e/ou "emergentes" (Von Bertalanfy, 1977, p. 83). Morin (2002a) retoma a idéia afirmando que "[...] o conhecimento das partes depende do conhecimento do todo, como o conhecimento do todo depende do conhecimento das partes. Por isso, em várias frentes do conhecimento, nasce uma concepção sistêmica, onde o todo não é redutível às partes." (Morin, 2002a, p.88). Santos (2000), ao abordar o tema, diz que não importa a "opção" epistemológica, mas, estando a ciência em um "círculo hermenêutico", não se pode "[...] compreender qualquer das suas partes (as diferentes disciplinas científicas) sem termos alguma compreensão de como 'trabalha' o seu todo, e, vice-versa, não podemos compreender a totalidade sem termos alguma compreensão de como 'trabalham' as suas partes" (Santos, 2000, p.12).

A utilização do pensamento complexo proposto por Edgar Morin se deu em função de o autor dedicar parte de sua obra à reflexão e ao estudo do saber científico a partir de uma "nova" concepção epistemológica. Dessa maneira, preferiu-se dar destaque a Morin e à sua aproximação com os temas debatidos na ciência pós-moderna, apesar de o autor não utilizar explicitamente o termo pós-moderno.

A obra de Edgar Morin é destaque já há alguns anos e continua recebendo ampla divulgação na atualidade. Morin insere importante elemento no pensamento científico: a complexidade. A partir do pensamento complexo, a ciência relaciona-se a fatores sociais, antropossociais, sociobiológicos, geopolíticos, psicológicos, políticos, religiosos, tecnológicos e cosmológicos. O que Morin pretende é evidenciar a complexidade com a exploração e exposição da multiplicidade de relações que envolvem o processo de desenvolvimento do conhecimento e da vida do e ao redor do ser humano. Portanto, parecem interessar menos a Edgar Morin os fenômenos que fazem parte do cotidiano do ser humano do que o princípio de complexidade, que pretende introduzir como método para pensar as relações que envolvem esses fenômenos.

Um comentário:

  1. O fato é que as palavras-chave no vocabulário da técnica contemporânea estão de alguma forma relacionadas à noção de vontade. Eficiência, garantia, segurança e controle, traços mais visíveis dessa técnica, podem ser pensados como modos de providenciar que a vontade não seja contrariada por acasos e vicissitudes, ou seja, modos de eliminar, no maior grau possível, os indesejados fatores de dependência. Todavia - e isso é particularmente importante -, é justo a diferença entre a metafísica como um todo e o seu acabamento técnico, diferença até aqui apenas latente, que permite reencaminhar a discussão para o mérito de uma superação.

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