segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Sub-estruturas íntimas

Amor, adivinhara um sentimento

inquisitorial. Pretendia saber,
entretanto sofria ao saber
e procurava saber ainda mais
mesmo fora de órbita.
Depois, afastava-me de mim mesmo
e de tudo o que teria podido emocionar-me,
sendo estúpido deixar ver  que se ama.
Mas comigo é assim: ninguém 
fica sabendo de coisa alguma,
aceitando-nos todos como persoangens
sabendo de coisas interessantes
enunciando regras e exceções,
etc. Ao conversar comigo, 
contentavam-se em aplicá-las a título de demonstração
e aplicavam-nas dizendo 
acerca de tal ou qual pessoa 
poderiam ter-se inquietado.

É insignificante demais.
O prazer feito de mistério e sensualidade
que se experimentava fugindo 
em rabiscos fragmentários
não tinha limite. Estava completo.
No fundo da brandura doméstica,
quase familiar, o rastro da fuga veloz.

Nos momentos em que eu estava sozinho,
em imaginação e pela expectativa do regresso,
voltava à idéia de recomeço, 
e me nutria sossegadamente
---- em alta velocidade -----
nos reservatórios da linguagem.

O menor grau de felicidade que se tivesse,
se não fosse causado pelos reservatórios da linguagem,
 produziam apenas impressões nervosas
desagradáveis como barulho de portas batendo.
Os recuos e cortes privilegiados da arte
recortavam mais velozmente a realidade.
Eu não me espreguiçaria sem beatitude
em meio à feitura do meu  ''Livro''.
Havia impregnado as imagens 
de sub-estruturas íntimas
e alfabetos numéricos.
Teria uma imensa satisfação.
Ah, duas horas encantadoras
que teriam dado prazer à audiência,
talvez aliviado o mal estar nervoso
de toda a audiência mundial.


K.M.

Nenhum comentário:

Postar um comentário