O papel próprio ao governo não é o de criar uma determinada ordem social. Nenhum governo pode pretender organizar a sociedade de forma determinada, porque a sociedade é um fenômeno muito complexo, impossível de ser manipulado intencionalmente. A ordem social e a ordem de mercado aumentaram sua complexidade muito além do que possa ser entendido por qualquer pessoa ou por qualquer agência voltada para o planejamento. Consequentemente, o liberalismo (justamente por isso ) restringe o controle deliberado da ordem global da sociedade, a fim de reforçar as regras gerais necessárias à formação de uma ORDEM ESPONTÂNEA, cujos pormenores não se pode entrever.
jAMAIS PRODUZIREMOS UM CRISTAL COMPLEXO PROCURANDO JUNTAR UM A UM SEUS ÁTOMOS ; MAS É FÁCIL CRIAR CONDIÇÕES NAS QUAIS OS ÁTOMOS SE ARRUMARÃO SOZINHOS PARA FORMAR O CRISTAL.
A suposiçao de que a modernidade não constitui somente o processo de emergência da racionalidade instrumental mas constitui tbm um processo de generalização das normas capaz de fornecer perspectivas de consensuais de racionalidade. O que está por trás da normatividade das instituições políticas modernas é justamente apercepção de que não existem regras privadas por não ser possível agir de modo instrumental e cognitivo em relação à''regras ''. Ou bem as regras são entendidas da mesma forma ea ação normativa ocorre ou bem não é possível chegar ao sucesso na coordenação da ação.
A internalização comum do substrato normativo expressa, portanto, aquilo que na introdução deste trabalho foi denominado de concepção intersubjetiva de racionalidade ; uma concepção de acordo de acordo com a qual o indivíduo age racionalmente ''na medida em que chega a um entendimento comum sobre alguma coisa no mundo com pelo menos mais um indivíduo ''
Ser moderno implica tbm em negociar o substrato coletivo que antecede a própria possibilidade da auto-preservação. Uma atividade capaz de fundamentar um entendimento da política enquanto constituição de formas de deliberação capazes de ultrapassar a mera agregação de interesses privados.
A sociedade como junção de sistema e mundo da vida não foi de modo algum um dado sempre preexistente. Ao contrário, só as sociedade resultantes do processo de racionalização que marcou a passagem , no mundo ocidental, das sociedades tradicionais às modernas apresentam essa dualidade. A concepção dual de sociedade de Habermas permite todo um diagnóstico das principais patologias do mundo moderno. A colonização do mundo da vida e a fragmentação do mundo da vida.
Enquanto a tese da colonização do mundo da vida se refere à instrumentalização dos recursos comunicativos pelos imperativos sistêmicos do dinheiro e do poder administrativo, a tese da fragmentação do mundo da vida aponta para o abismo entre a cultura dos especialistas e a da massa, acarretando uma certa desintegração do elo orgânico entre apropriação crítica da tradição herdada no contexto da prática cotidiana.
O conceito dual de sociedade habermasiano permite perceber a SELETIVIDADE do desenvolvimento ocidental, de modo a possibilitar ao mesmo tempo uma consciência crítica sobre suas consequências indesejáveis, por um lado, assim como a consideração das conquistas positivas e as potencialidades da modernidade ocidental. O nível de abstração conceitual no livro TEORIA DA AÇÃO COMUNICATIVA , de Habermas, não permite percebermos como , na dimensão concreta da vida prática decada um de nós, levando-se em conta as instituições efetivamente existentes, pode-se pensar na articulação entre comunicação e funcionalidade ou, em outros termos, ou nos nossos termos, entre democracia e complexidade econômica e geopolítica.
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