a natureza permanece aberta à contingência.
Aliás, eu não poderia subir sem voltar a descer. Falta exatidão às palavras ''subir'' e ''descer''. Subo descendo. em mim mesmo a natureza se opõe à natureza. Só coloco a natureza em questão sob a condição de ser ela . Os domínios em aparências menos naturais ---- os escritórios, a esfera jurídica, os equipamentos eletrônicos da Bolsa ---- têm, para com a natureza, uma independência relativa. eles coexistem e não podem colocar em questão. Separam-se da natureza por uma solução de continuidade --- por um facilidade de contentamento ainda maior : a natureza permanece aberta à contingência. Se quero contestar a natureza, preciso antes me perder nela xamânicamente, não me isolar em minha função (como um serviço ou uma ferramenta ). O questionamento não é conciliável com o repouso, o enunciado se arruína à medida que o enunciamos; mesmo precipitado na possibilidade do movimento, meu pensamento escrito não pode esgotá-lo, já que, escrito, tem a imobilidade da pedra. Não posso me deter nas expressões poéticas da possibilidade esgotante do movimento. A linguagem destruída ou desagregada responde ao lado suspenso, esgotante, do pensamento, mas só joga com ele na ''poesia''. Mas a poesia que não estiver engajada numa experiência que ultrapassa a Poesia (distinta dela ) não é o ''movimento'' ---- é apenas o resíduo deixado pela agitação.
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