DUPLA VISÃO
Embora colorida e intensamente nuançada, é naquela objetividade que reside a cena. De fato, por mais que a realidade objetiva nos pareça perturbadora em sua objetividade, firmeza e constância, ela nos dá uma segurança epistêmica ou mesmo ontológica. Podemos talvez falar da cena — em analogia com a "dupla voz"* — como "dupla visão". Reconhecemos imediatamente o que consideramos ser a realidade objetiva da situação em que nos encontramos, seja qual for a forma pela qual se encare esta objetividade — como realidade empírica em um sentido cruamente lockiano, por exemplo, ou como o produto de um conjunto de convenções sociais e culturais — e como se dê a nossa experiência direta dessa realidade, em toda a sua excentricidade. Retornarei ao modo como a natureza intersubjetiva de nossa experiência da cena facilita essa "dupla visão".
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