sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O elemento carnívoro do ato de escrever

Materiais de Psamênite utilizados na redação do contador de histórias , encontrando fortes semelhanças presumíveis ''em detalhes de estilo'' com outros documentos e fotografias. Nenhuma explicação dela porém,  calma e sociável como sempre.  Já eu, não sabia se tinha sonhado ou sido de fato interrogado por um agente na Chancellor Avenue . Voltei de lá tonto,  evitando o choque se ... e assim por diante . Jogando com algumas peças intelectuais fora de circulação, nunca cavalguei outro cavalo além desse . Mas não lemos romances para multiplicar nossas experiências, apenas para multiplicarmos a nós próprios, entre nossas condições de vida há muita coisa que só quem lê entende .Os livros de um erudito são sua serenidade (wainagium) mas ele não se prende de modo algum aos livros, devora-os e nada mais, com a serenidade de um vilão. Ou chutze , sob o céu  o monopólio é uma prática comum, mas é evidente que sou o único a fazer o que faço . Sim , nos momentos de maior lucidez considero-o perfeitamente possível . Minha lucidez alcança tamanha acuidade que até meus escritos, no começo da minha carreira política, me parecem críveis. Eu fôra tão esquerdista no começo que atuara até como porta-voz dos sindicalistas radicais. Uma pequena lâmpada e uma grande paciência, para conduzir  minha torrente de pensamentos no vazio do materialismo histórico , nessa época , como uma corrente sanguínea purificada. Depois, vendo que ela permaneceria irredutível com o passar dos anos , cedi . Ela me seguia com os olhos e eu não fazia outra coisa além de ir e vir, às suas ordens . E não maquinava, ao me aproximar dela. SHIH , no primeiro tom.  Da alimentação diária à leitura compulsiva de romances havia uma escala contínua , até as praias do amor . E escrever é o ato de vampirizar as coisas, extraindo delas seu sabor vital . Operação psíquica que investiga e recolhe os graus materiais dessa escala, até o sabor último das coisas , pessoas e acontecimentos. Classificação gastronômica da prosa : os modos narrativos do povo , todo um cânone de procedimentos, , da prosa que circula como dinheiro difícil, como alimento raro, sem a duração desnecessária daquilo que é incompatível com independência do pensamento . Arrancado ao domínio mágico e hierático do que foi assimilado , e com isso sua intenção antropológica, nos remeteremos mais uma vez à esfera profana, para destacar o elemento carnívoro do ato de escrever . Há tanta tensão na carne daquilo que é do puro âmbito da matéria, quanto em sua carnação conceitual , que também é diferente do que é determinado na carne  pela ''tensão'' narrativa. O afeto fundamental da leitura, por sua vez, é a fome de matéria. 

K.M.

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