Da nossa semelhança com os deuses Por nosso bem tiremos Julgarmo-nos deidades exiladas E possuindo a Vida Por uma autoridade primitiva E coeva de Jove.
Altivamente donos de nós-mesmos, Usemos a existência Como a vila que os deuses nos concedem Para, esquecer o estio.
Não de outra forma mais apoquentada Nos vale o esforço usarmos A existência indecisa e afluente Fatal do rio escuro.
Como acima dos deuses o Destino É calmo e inexorável, Acima de nós-mesmos construamos Um fado voluntário Que quando nos oprima nós sejamos Esse que nos oprime, E quando entremos pela noite dentro Por nosso pé entremos.
RICARDO REIS |
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