Deixemos, Lídia, a ciência que não põe Mais flores do que Flora pelos campos, Nem dá de Apolo ao carro Outro curso que Apolo.
Contemplação estéril e longínqua Das coisas próximas, deixemos que ela Olhe até não ver nada Com seus cansados olhos.
Vê como Ceres é a mesma sempre E como os louros campos intumesce E os cala prás avenas Dos agrados de Pã.
Vê como com seu jeito sempre antigo Aprendido no orige azul dos deuses, As ninfas não sossegam Na sua dança eterna.
E como as heniadríades constantes Murmuram pelos rumos das florestas E atrasam o deus Pã. Na atenção à sua flauta.
Não de outro modo mais divino ou menos Deve aprazer-nos conduzir a vida, Quer sob o ouro de Apolo Ou a prata de Diana.
Quer troe Júpiter nos céus toldados. Quer apedreje com as suas ondas Netuno as planas praias E os erguidos rochedos.
Do mesmo modo a vida é sempre a mesma. Nós não vemos as Parcas acabarem-nos. Por isso as esqueçamos Como se não houvessem.
Colhendo flores ou ouvindo as fontes A vida passa como se temêssemos. Não nos vale pensarmos No futuro sabido
Que aos nossos olhos tirará Apolo E nos porá longe de Ceres e onde Nenhum Pã cace à flauta Nenhuma branca ninfa.
Só as horas serenas reservando Por nossas, companheiros na malícia De ir imitando os deuses Até sentir-lhe a calma. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário